São Paulo – O economista Paulo Rabello de Castro afirmou, em palestra na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, que o Brasil passa por um momento um pouco menos ‘angustiado’ do que outros países, ampliando as possibilidades de investimentos e abrindo uma janela de oportunidades em diversos setores como agronegócio, aço, papel e celulose, etanol, aviação, tecnologia de alimentos, petróleo, entre outros.
De acordo com Castro, o fato da crise econômica ter nascido em países avançados, faz com que o Brasil tenha mais chance de se destacar. “Eu estou otimista. Os desdobramentos dessa crise são diferentes do da Grande Depressão”, afirmou o economista. Entre as diferenças citadas estão os preços do petróleo, que está acima de US$ 70, e das matérias-primas. “Desta vez estamos tentando pedalar a crise com o aumento da liquidez”, disse.
“Na parte agrícola, o Brasil tem uma linha ascendente nos preços das commodities exportadas. Isso ajuda a explicar porque o Brasil está bem”, afirmou Castro, que citou alguns exemplos, como soja e milho.
Segundo o economista, outros fatores positivos são que o Brasil vem diminuindo o déficit nominal do setor público, reduziu a taxa de juros e conseguiu o Grau de Investimento de agências de classificação de riscos. Por outro lado, Castro afirmou que ainda é preciso assumir um compromisso com o aumento da taxa de investimentos no país. “Temos um compromisso para o controle da inflação, mas não temos um compromisso de crescer”, disse.
De 1988 a 2008, a média de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi de 2,5% ao ano. “Um país que investe só 17%, 18% do PIB não tem taxa de investimento para crescer 6% ao ano, para nos tirar do buraco da taxa de crescimento”, afirmou Castro. Para ele, a meta seria alcançar um crescimento de 6% ao ano até 2022. “Assim, iria dobrar a renda per capta brasileira e se aproximar com a renda européia”, disse. Segundo ele, o país só conseguirá crescer a essa taxa se 25% do PIB for investido. “Esses 25% de taxa de investimentos só virão com a desoneração tributária”, afirmou.
Previsões
Entre os motivos para acreditar no futuro do Brasil, segundo Castro, é o crescimento da população jovem que está chegando num certo grau de maturidade. “Nos próximos 20 anos vão entrar 70 milhões de jovens-adultos (entre 20 e 24 anos) consumidores no Brasil”, disse o economista, que mostrou diversos gráficos de pirâmides populacionais brasileiras para ilustrar que elas estão passando por grandes modificações. Atualmente, de acordo com ele, a média de filhos por mulher no país está em 1,08.
Com a base da pirâmide concentrada sobre os jovens, o economista afirmou que será preciso criar mais oportunidades e que eles serão uma população efetiva de consumo, o que poderá mudar o perfil econômico do Brasil. “Esta pressão demográfica se torna uma pressão favorável e positiva, devido à estabilidade macroeconômica brasileira”, afirmou Castro.
Outro motivo de otimismo para o economista é a expansão interna do país. Segundo ele, esse movimento permite que novos estados se tornem mais especializados no agronegócio, no turismo e na petroquímica, por exemplo, gerando maior migração e abrindo mais oportunidades de trabalho e investimentos.
Castro fez uma apresentação na segunda-feira (31) à noite para cerca de 70 pessoas, a maioria empresários. Entre os participantes estavam o presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin, o vice-presidente de Marketing, Rubens Hannun, o secretário-geral, Michel Alaby, o presidente do Conselho Superior de Administração, Walid Yazigi, o vice-presidente administrativo, Marcelo Sallum, o diretor-tesoureiro Nahid Chicani, o diretor Sami Roumieh e o ex-presidente Antonio Sarkis Jr.