Geovana Pagel
São Paulo – O Brasil é hoje o sétimo maior produtor e exportador mundial de mel. A posição foi conquistada em menos de uma década. O produto é um dos exemplos da diversificação da agricultura brasileira, que já comercializa 200 itens no mercado internacional. Em 2004 as exportações de mel ultrapassaram US$ 43 milhões. Em volume foram 21,4 mil toneladas, ou seja, 47,5% de uma produção anual de 45 mil toneladas.
Nos últimos anos, os apicultores brasileiros viveram seu melhor momento. Em 2001 a China, maior produtor mundial com 275 mil toneladas ano, foi impedida de exportar em virtude da forte presença de agrotóxicos em sua produção. Outro fator importante para a conquista do mercado externo foi a qualidade do mel brasileiro, produzido em sua maioria em áreas nativas e livres do uso de agrotóxicos.
"Temos mel de cores e sabores para todos os gostos. De tonalidades claras a bem escuras e de aromas suaves até os mais fortes", explica Joail Humberto Abreu, presidente da Confederação Brasileira de Apicultura (CBA). Segundo ele, cerca de 70% da produção nacional é de mel silvestre. "Temos 173 plantas melíferas catalogadas. Por isso diversidade e qualidade são nossos diferenciais", destaca Abreu.
Com o retorno da China ao mercado, em agosto do ano passado, o Brasil não conseguiu manter o mesmo ritmo de crescimento das vendas externas. De janeiro a abril de 2004 o Brasil exportou 8,7 mil toneladas, que renderam US$ 20,4 milhões. No mesmo período de 2005, foram apenas 3,3 mil toneladas, o equivalente a US$ 6,6 milhões. Redução considerável em volume e faturamento. Porém, devido à qualidade do mel brasileiro, um dos caminhos apontados pela CBA é a prospecção de novos países importadores.
Um dos mercados considerado favorável é o árabe. No ano passado os países da Liga Árabe importaram 50 mil toneladas de mel da China. "Mais que o dobro das nossas exportações", explica o presidente da entidade. Segundo Abreu, o mel brasileiro possivelmente já é consumido no mercado árabe. "Como exportamos muito para a Alemanha e o mel é enviado a granel, certamente depois de envassado ele chega ao mercado árabe", explica. Em 2004, a Alemanha manteve o papel de principal importador do mel brasileiro, perdido, em 2002, para os Estados Unidos e recuperado em 2003.
A intenção agora é buscar uma aproximação com o Oriente Médio e Norte da África. Para isso a entidade deve buscar o apoio da Agência de Promoção das Exportações do Brasil (Apex) e da Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB). "Precisamos apresentar nosso produto e também toda a tecnologia existente no Brasil. Estamos à disposição de empresários árabes que queiram conhecer nossa produção de mel", garantiu.
Oportunidades e renda
A apicultura também pode ser considerada uma excelente opção para a diversificação de culturas e geração de renda para pequenos agricultores, principalmente nas regiões mais carentes do país, como o Norte e o Nordeste.
De acordo com o presidente da CBA, entre 2002 e 2005 foi gerado trabalho para 150 mil pessoas, garantindo maiores oportunidades no campo e evitando assim o êxodo rural de muitas famílias. Além do incentivo a produção, foram criadas associações e cooperativas regionais para a comercialização do mel.
Em três anos, estados como Piauí, Maranhão, Ceará, Pernambuco e Bahia desenvolveram a apicultura e agora disputam com o Rio Grande do Sul e Santa Catarina a posição de principais produtores e exportadores de mel do país.
O estado de São Paulo continua sendo o principal responsável pelo mel exportado pelo Brasil, isso porque concentra os embarques de diversos estados, inclusive do Norte e Nordeste do país.
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