Alexandre Rocha
São Paulo – Durante a reunião de cúpula dos países do Mercosul, realizada na sexta-feira (21) em Córdoba, na Argentina, o Brasil assumiu a presidência rotativa do grupo pelos próximo seis meses. Neste período, segundo informações do Itamaraty, serão fortalecidas as negociações de acordos comerciais com outros blocos, como a União Européia, a União Aduaneira da África Austral e o Conselho de Cooperação do Golfo (GCC).
De acordo com o comunicado conjunto divulgado ao final do encontro, os chefes de estado do bloco sul-americano manifestaram o desejo de "impulsionar e concluir em curto prazo as negociações para um acordo com o GCC". As negociações com grupo que reúne Arábia Saudita, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Kuwait e Omã, começaram durante a Cúpula América do Sul-Países Árabes, em maio do ano passado, quando foi assinado um acordo-quadro entre os dois blocos.
Segundo a declaração final do encontro de Córdoba, o Mercosul reiterou seu empenho em "expandir e intensificar seus laços comerciais com diferentes países e grupos de países de outras regiões, como forma de obter a abertura de novos mercados e uma maior projeção do bloco como ator no cenário internacional".
Com a entrada da Venezuela, o Mercosul, que já contava com Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, passou a ter mais de 250 milhões de habitantes, um Produto Interno Bruto (PIB) superior a US$ 1 trilhão e um volume de comércio de mais de US$ 300 bilhões, de acordo com o Itamaraty.
Os países do GCC, por sua vez, têm um PIB somado de US$ 576,8 bilhões, uma população de 36,5 milhões de pessoas e um comércio global de US$ 510,4 bilhões, incluindo exportações e importações.
As vendas do Brasil, que é o maior país do Mercosul, aos seis países do Golfo renderam US$ 1,18 bilhão no primeiro semestre deste ano. Os principais produtos embarcados foram carne de frango, aviões, açúcar, minério de ferro e soja. O país importou do bloco, no mesmo período, o equivalente a US$ 1,02 bilhão, principalmente em petróleo e derivados.
Participação
Participaram da reunião do final da semana passada os presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos, do Uruguai, Tabaré Vázquez, e da Venezuela, Hugo Chávez. A Venezuela passou a fazer parte do Mercosul como membro pleno no dia 04 de julho.
Estiveram presentes também os presidentes da Bolívia, Evo Morales, e do Chile, Michelle Bachelet, o vice-presidente do Equador, Alejandro Serrano Aguilar, o chanceler do Peru, Oscar Maurtua, e um representante do governo da Colômbia. Estes países são associados ao Mercosul, mas não membros plenos.
Como convidados, participaram ainda o presidente de Cuba, Fidel Castro, o chanceler do México, Luiz Ernesto Derbez, e o Ministro do Comércio do Paquistão, Humayun Katar. O Mercosul assinou um acordo de complementação econômica com Cuba e um acordo-quadro com o Paquistão, que marca o início das negociações para um tratado comercial.