Marina Sarruf, enviada especial
Dubai – Madeira esculpida, tecido brilhante, cores escuras, design clássico e chamativo. Essas são algumas das principais características dos móveis de luxo fabricado nos países árabes. "Os móveis para os árabes são como jóias. Têm que ser peças bem trabalhadas e chamativas", afirma a designer de interiores Perla Lichi, que trabalha em parceria com a Domain Fine Furniture, fabricante de móveis de alta decoração do Kuwait.
Os móveis da designer podem ser vistos no estande da empresa árabe na Index, maior feira de móveis e acessórios de decoração do Oriente Médio, que segue até sábado (11) em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. O luxo dos móveis é tanto que algumas peças são feitas com folhas de prata e ouro. "Os árabes gostam de um certo drama em seus móveis. É isso que tento passar", disse Perla.
De acordo com ela, os móveis clássicos estão presentes na maioria das casas árabes de alto poder aquisitivo. Assim como os móveis da empresa saudita Hoss, que também fabrica mesas, cadeiras e poltronas em madeira maciça. "Nossos móveis têm um design islâmico e tradicional. A madeira é toda trabalhada e cheia de detalhes. Eles são grandes porque são feitos para casas espaçosas", afirmou o proprietário da empresa, Dhafi Talaq Al Kahtani, que participa da Index.
A companhia saudita importa toda a matéria-prima para a fabricação dos móveis. Ela vem principalmente da Indonésia, China e Espanha. Com uma produção de duas mil peças por mês, aproximadamente, a Hoss exporta entre 60% e 70% para Egito, Marrocos, Tunísia, Síria, Jordânia, Líbano, entre outros. "Não existem grandes fabricantes de móveis na Arábia Saudita, mas a maioria das empresas produz esse tipo de móvel, o clássico", disse Al Kahtani, que conta com 200 funcionários.
Os móveis árabes expostos na feira chamam de longe a atenção dos compradores. Além da exuberância natural, os expositores ainda montam grandes salas de estar com as peças, que faz o consumidor se sentir num verdadeiro palácio antigo. No caso do pavilhão egípcio, por exemplo, é possível ver grandes poltronas douradas e sofás cheios de almofadas em volta de mesas em madeira escura.
De acordo com o organizador do pavilhão egípcio, Hesham Hamdy, existem 32 empresas do país árabe expondo na feira. A maioria é fabricante de móveis, mas há também muitas empresas do setor têxtil. "Esses dois setores estão entre os principais produtos de exportação do Egito", disse.
No ano passado a indústria moveleira do país árabe exportou US$ 200 milhões e as expectativas para este ano são de chegar a US$ 400 milhões. O Egito tem cerca de 200 mil empresas de móveis, que empregam um milhão de pessoas. Segundo Hamdy, foram investidos US$ 2 bilhões nessa indústria em 2005.
Os principais destinos das exportações de móveis do Egito são Estados Unidos, Europa e os países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC – Arábia Saudita, Emirados Árabes, Barhein, Catar, Omã e Kuwait). Para promover os produtos egípcios, há quatro anos as empresas locais participam da Furnex, feira de móveis que acontece no Cairo. Em 2007, o evento será realizado em junho e vai contar com 200 expositores e visitantes de mais de 60 países.
Outro país que também atua fortemente nesse setor é o Marrocos, onde a maioria dos móveis é feita à mão e também é cheia de detalhes. Segundo o gerente geral da empresa Noblissimo, Nabil Benabdeljalil, o número de fabricantes de móveis no país árabe cresce a cada ano. "O estilo marroquino é muito apreciado", disse.
Há quatro anos no mercado, a Noblissimo produz sofás, camas, criado-mudo, poltronas, armários e colchões. Com uma produção de 100 a 150 peças por mês, a empresa atende apenas o mercado local. "Temos interesse de começar a exportar, por isso estou aqui na Index", disse Benabdeljalil. A matéria-prima utilizada nos móveis marroquinos também é importada, principalmente do Brasil, Venezuela e Espanha.
De acordo Benabdeljalil, os principais compradores dos móveis marroquinos são os países do Oriente Médio. "As famílias árabes são muito tradicionais, gostam de móveis clássicos", disse.
Síria: característica única
Um outro tipo clássico de móvel árabe é o da Síria, onde é feita a arte da marchetaria. A empresa Nakhleh Saloon, por exemplo, que também está expondo na Index, fabrica inúmeras peças marchetadas, como caixas, mesas, poltronas, mesa de jogos, molduras, armários, camas, entre outros. Segundo o proprietário, Nabil Baara, existem apenas três grandes empresas desse segmento na Síria. "É muito trabalhoso e requer uma mão-de-obra qualificada", disse.
As peças marchetadas, que contêm madrepérola, levam entre um e oito meses para serem fabricadas. A empresa, que está há 40 anos no mercado, emprega 120 funcionários e exporta 65% da sua produção. O Brasil está entre os importadores da Nakhleh, porém, o maior comprador é a Rússia, que representa 40% das exportações da empresa.
Os valores das peças expostas no estande variam entre US$ 1 mil, como uma cadeira de porte médio, a US$ 10 mil, como uma poltrona de três lugares.