Geovana Pagel
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São Paulo – Com a certeza de que o verde pode dar lucro sem ser destruído, a Ouro Verde Amazônia fabrica produtos orgânicos derivados de castanha-do-pará. Após três anos e meio de pesquisas, a empresa desenvolveu três produtos: o azeite extravirgem, o granulado desengordurado, (castanha moída sem gordura) e o creme, que é uma espécie de geléia real de castanha. Com a conquista da certificação orgânica Ecocert, há cerca de um ano e meio, a empresa iniciou os contatos no exterior. Os primeiros embarques serão para França, Austrália e Malásia.
“A demanda mundial por produtos sustentáveis é enorme. Ricos em minerais antioxidantes, em ômega 6 e em ômega 9, os produtos são indicados para prevenir doenças e melhorar o funcionamento do metabolismo do corpo humano”, explica Ana Luisa da Riva, sócia-diretora da Ouro Verde Amazônia. “Também estamos desenvolvendo negócios com Alemanha, China e abertos a oportunidades em qualquer lugar do mundo”, afirma.
Para desenvolver os produtos, a Ouro Verde contou com o apoio técnico do departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq-USP) e da Fundação de Apoio e Pesquisa do Estado do Mato Grosso. De acordo com Ana Luisa, ao tornar real o projeto de sustentabilidade, a empresa ajuda a valorizar um dos principais tesouros do país: a Amazônia.
“Procuramos agregar valor aos frutos, integrando e capacitando as comunidades amazônicas, que moram próximas às áreas de colheitas de castanhas-do-pará, além de praticar o desenvolvimento sustentável e contribuir para preservar a floresta em pé, gerando valor efetivo para a biodiversidade”, destaca.
As boas práticas de trabalho já renderam diversos prêmios para a empresa. Em 2007 a Ouro Verde conquistou o Prêmio Finep em Inovação Tecnológica na região Centro Oeste; e o Prêmio Chico Mendes, o mais importante prêmio nacional do Ministério do Meio Ambiente na categoria de Negócios Sustentáveis. A empresa também foi vencedora do New Ventures 2006, organizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) em parceria com o World Resources Institute (WRI).
Recentemente, a Ouro Verde firmou um termo de cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e com a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso para a realização do Projeto de Conservação da Biodiversidade e Uso Sustentável das Florestas do Mato Grosso, por meio do qual articula uma rede de comércio justo junto a três etnias indígenas, além de uma Reserva Extrativista e um Projeto de Assentamento.
“Já praticamos comércio justo, mas ainda não temos o selo. Em 2007 o preço pago pela Ouro Verde era o dobro da média de mercado. Além disso, eliminamos os intermediários fazendo o pagamento diretamente para os produtores”, conta Ana Luisa. "Uma de nossas próximas metas é conseguir o selo de comércio justo", completa.
A indústria
A Ouro Verde possui duas unidades fabris. A principal unidade de processamento fica em Nova Floresta, no estado do Mato Grosso, emprega oito funcionários fixos, mas chega a gerar 40 vagas temporárias em alguns meses do ano. A segunda unidade, onde trabalham três pessoas, funciona em Piracicaba, no interior de São Paulo, na incubadora de empresas do Sebrae.
A capacidade industrial da fábrica é de 25 toneladas ao mês e ainda não é utilizada totalmente. Em 2007 a Ouro Verde faturou R$ 500 mil. A previsão para 2008 é de faturar R$ 1 milhão, sendo que apenas as exportações devem garantir o mesmo valor faturado pela empresa no ano passado. Em breve, a empresa deve colocar no mercado um leque maior de produtos orgânicos e sustentáveis.
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Ouro Verde Amazônia
Site: www.ouroverdeagro.com.br