São Paulo – O vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), será homenageado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta segunda-feira (25), Dia Nacional da Comunidade Árabe, na capital paulista. Temer é de origem libanesa e fui incumbido pela presidente Dilma Rousseff de cuidar das relações do Brasil com o mundo árabe. Como parte dessa missão, ele já foi ao Líbano, tem viagem marcada para Omã, onde terá como meta fomentar os negócios, e está empenhado em um pedido do presidente libanês, Michel Sleiman, de aproximar a Petrobras do seu país para exploração de gás no Mediterrâneo.
Em entrevista exclusiva à ANBA, Temer afirmou que se sente extremamente honrado pela homenagem que irá receber, já que a Câmara Árabe a faz a pessoas que prestam serviços à comunidade. “Esta é uma razão especialíssima para eu me sentir até envaidecido com essa homenagem”, afirma, citando nomes que foram condecorados da mesma maneira, como o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando ainda estava no cargo, a presidente honorária do Hospital Sírio Libanês, Violeta Basílio Jafet, o médico cardiologista Adib Jatene e o ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab, que ainda ocupava o posto na ocasião. A Câmara Árabe também homenageou, na data, o professor Helmi Nasr, vice-presidente de Relações Internacionais da entidade.
Os pais de Temer chegaram ao Brasil do Líbano, da vila de Btaaboura, no distrito de El Khoura, na década de 20. Três dos irmãos do vice-presidente nasceram no país árabe. Ele é o caçula, o último de oito filhos. Temer conta que tem ainda presente na memória o que seus pais transmitiam sobre o Líbano. Ele foi ao país apenas na vida adulta, mas tem parentes por lá e mantém essas relações. “Já estive duas vezes no Líbano e nessas ocasiões eu fui à cidade dos meus pais, uma cidadezinha pequena na região de El Khoura, nas montanhas, e fui homenageado pelos parentes e pelos habitantes da cidade, pelo povo libanês”, diz.
Temer afirma que se sente ligado à cultura árabe e conta sobre os costumes da região que fizeram e fazem parte do seu cotidiano. “Na minha casa todo sábado e domingo eram dias de comida árabe”, relata. A língua árabe o vice-presidente não chega a falar, mas entende pelo menos qual é o tema da conversa quando duas pessoas estão falando no idioma. “Eu ouvi isso por toda a minha infância”, diz, sobre a língua de origem dos seus pais. Temer afirma ainda que gosta da música da região e se mantém informado sobre os acontecimentos de lá.
Como vice-presidente da República, o filho de libaneses encontrou mais um motivo para estar perto dos árabes: aproximar o Brasil política e economicamente da região. Temer esteve no Líbano em 2011, quando se encontrou com Sleiman, e participou da recepção da fragata União da Marinha Brasileira, que chegava para se integrar à força de paz das Nações Unidas no país árabe. “Eu estou muito empenhado em um pedido que me fez o presidente Michel Sleiman no sentido de fazer uma parceria entre o Líbano, empresas libanesas, e a Petrobras, já que eles querem explorar gás lá no mar territorial libanês”, afirma o vice-presidente.
Temer também esteve, em novembro de 2011, em Doha, no Catar, onde participou do 4º Fórum da Aliança das Civilizações da Organização das Nações Unidas. Ele se diz empenhado no aumento das relações entre o Brasil e os países do mundo árabe e, além de conversas com autoridades árabes nos seus países, têm recebido lideranças da região que passam pelo Brasil. A viagem a Omã, nos dias 1 e 2 de abril, caminha neste sentido. Temer será a primeira autoridade brasileira (presidente ou vice) a visitar a nação árabe.
“Havia um empenho do Ministério de Relações Exteriores, do Itamaraty, para que eu fosse a Omã, onde há investimentos brasileiros, a começar pela Vale”, afirma Temer. A mineradora brasileira tem uma usina de pelotização e um terminal marítimo no país, que deverão ser visitados pelo vice-presidente. Temer viaja acompanhado de um grupo com cerca de 15 representantes de grandes empresas brasileiras interessadas em investir em Omã. Ele terá encontros com autoridades locais, inclusive com o sultão Qaboos Bin Said Al-Said. A delegação terá encontros com empresários omanis e com autoridades do país árabe.
A homenagem a Temer ocorrerá no Esporte Clube Sírio em um jantar para convidados, com a presença de empresários brasileiros que têm negócios com o mundo árabe e lideranças das áreas da política e cultura que possuem alguma relação com a região. "A Câmara Árabe vem realizando ao longo dos últimos anos, no Dia da Comunidade Árabe, uma homenagem às personalidades que, ao longo de sua atuação profissional, no campo privado, assistencial ou político, dignificaram a nossa comunidade e contribuíram para o fortalecimento dos laços de amizade entre o Brasil e os países árabes", disse o presidente da entidade, Marcelo Sallum. "O vice-presidente da Republica, dr. Michel Temer, além da sua brilhante carreira política, é considerado um dos maiores advogados constitucionalistas do País, tendo exercido importante papel na última Assembléia Nacional Constituinte", acrescentou.
Sallum destacou que desde que assumiu o cargo de vice-presidente, Temer "tem realizado missões visando o estreitamento das relações entre o Brasil e os países árabes. Em 2011, realizou uma visita oficial ao Líbano e chefiou a delegação brasileira no 4º Fórum Anual da Aliança das Civilizações em Doha, no Catar. Em 2012, realizou diversos encontros com autoridades árabes no Brasil e para o próximo mês deverá realizar uma visita oficial ao Sultanato de Omã".
O diretor-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, ressaltou: “O Temer é um político nato, uma personalidade da comunidade que muito contribuiu para o desenvolvimento econômico e político do Brasil. Ele já visitou vários países árabes, inclusive o Líbano, e apoia o desenvolvimento das relações entre o Brasil e os países árabes”.
Nascido em Tietê, no interior paulista, Temer é formado em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), fez doutorado e foi professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Ele começou a carreira política como secretário de Segurança Pública de São Paulo, na década de 80. Como deputado federal, foi presidente da casa por três vezes.