São Paulo – Livros com adereços como pianinhos, guitarras, banquinhos e com canetinhas cuja pintura some quando é molhada. Os formatos diferenciados são a aposta da Cedic – Centro Difusor de Cultura para entrar no mercado árabe, no segmento de livros infantis. Para isso, a editora brasileira vai participar, com estande próprio, da 21ª edição da Feira Internacional de Livros de Abu Dhabi, que acontece de 15 a 20 de março, na capital dos Emirados Árabes Unidos.
“Vamos levar temas de valores, como amizade, responsabilidade, respeito, justiça; e temas transversais, como bullying, cultura afro, cultura indígena, racismo, inclusão, nutrição, entre outros”, conta Carlos Eduardo de Bruin Cavalheiro Filho, diretor de Produção da Cedic, sobre os assuntos abordados nos livros. Os formatos diferenciados incluem livros musicais, para pintar, com hologramas, para levar para o banho, etc.
Hoje, a Cedic exporta seus livros para 20 países. Somente em 2010, foram 300 mil livros vendidos ao exterior. As exportações começaram há dois anos e, atualmente, os maiores compradores da editora de Belo Horizonte são México, Guatemala, Austrália, Holanda, Grécia, Argentina e Costa Rica.
Os livros para exportação são produzidos no Brasil em inglês e também em espanhol. Para os países que falam outras línguas, a editora envia os arquivos em inglês e recebe a tradução no idioma local para fazer a impressão. Cavalheiro diz que é possível utilizar este mesmo sistema para edições em árabe.
Este ano, além do evento em Abu Dhabi, a Cedic ainda participa das feiras de Bolonha, Londres, Guadalajara, Buenos Aires, Nova York e Frankfurt. É a primeira vez que a editora participa de uma feira no mundo árabe. “Os Emirados estão em uma crescente e a gente ainda não tinha atingido este mercado. É uma região com muito potencial, isso que nos atraiu para a feira”, explica Cavalheiro.
Na linha de livros infantis, a Cedic trabalha com 110 títulos, dos quais 50 vão estar em exposição na feira de Abu Dhabi. “Só de novidade que estamos levando são 17”, destaca o diretor de Produção. “A gente acha que dá para fazer bons negócios com livros infantis”, aposta.
Mais Brasil
Beatrice Stauffer, gerente de Vendas da Feira Internacional do Livro de Abu Dhabi, conta que, apesar de a Cedic ser a única editora brasileira a participar do evento este ano, ela já recebeu diversas manifestações de interesse de outras editoras nacionais em levarem suas publicações para o mundo árabe.
“Vou discutir com o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (SNEL) sobre a possibilidade de organizarmos um estante coletivo para as editoras brasileiras na feira de Abu Dhabi em 2012”, informa.
Segundo Beatrice, há oportunidades para livros brasileiros nas áreas de energia renovável, como a solar, por exemplo, além de títulos nas áreas de ciência, tecnologia e medicina. “Também há interesse nos livros infantis, que podem vir de autores brasileiros com ascendência nos países do Levante”, destaca.
Literatura árabe
A feira irá reunir ainda importantes autores árabes na premiação que vai definir o vencedor do Prêmio Internacional de Ficção em Árabe de 2011. Os indicados são o poeta marroquino Mohammed Achaari; a romancista saudita Raja Alem; o escritor egípcio Khaled Al-Berry; o romancista e roteirista marroquino Bensalem Himmich; o romancista sudanês Amir Taj al-Sir e o escritor e professor de literatura árabe da Universidade da Carolina do Norte, o egípcio Miral Al-Tahawy.