São Paulo – O Projeto Halal do Brasil abriu rodadas de negócios entre empresários brasileiros e importadores de países muçulmanos nesta segunda-feira (05) na capital paulista colocando em evidência a presença feminina nos negócios das duas regiões. Uma mesa-redonda formada apenas por mulheres foi realizada na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira como pontapé da programação da semana, que terá encontros B2B na cidade de São Paulo e visitas dos estrangeiros a estados brasileiros.
Além do debate inaugural feminino, o atual Projeto Comprador do Halal do Brasil promove outras ações de fomento à participação das mulheres nos negócios, como o incentivo à presença de empresárias e executivas no grupo de importadores. Também houve a disponibilização gratuita pela companhia aérea Latam Airlines de passagem para mulheres brasileiras líderes de pequenas e médias empresas de fora do estado de São Paulo para que se deslocassem até as rodadas de negócios.
A gerente de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Latam, Lígia Sato, abriu o dia apresentando a estratégia de sustentabilidade empresa, baseada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU). “Sabendo da nossa importância como maior empresa da região, a gente leva muito a sério a nossa responsabilidade em relação ao papel de incentivar e promover o desenvolvimento econômico, social e ambiental da América do Sul”, disse.
Além de falar da Economia Circular, um dos pilares da estratégia de sustentabilidade da Latam, do qual faz parte a redução do uso de plástico descartável nos aviões, Sato contou sobre o pilar do Valor Compartilhado, pelo qual a empresa transporta em seus aviões pessoas, animais e carga para fins de colaboração. Dentro disso foram transportadas, por exemplo, 282 milhões de vacinas na pandemia de covid-19 e 130 voluntários para atuar na catástrofe climática do Rio Grande do Sul.
“Mas há conceitos que perpassam toda a nossa estratégia e um deles é o apoio ao empreendedorismo feminino, incentivo como a essa ação aqui para trazer as mulheres empreendedoras para participar desse evento, construir oportunidades de negócios”, explicou Sato. Incentivar a participação feminina nos negócios é estratégia também da Câmara Árabe, por meio do comitê feminino Wahi, e da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), que levam adiante o Projeto Halal do Brasil.
O objetivo do Projeto Halal do Brasil é aumentar o fornecimento internacional pelo Brasil de alimentos halal com maior valor agregado. Os produtos são considerados halal quando produzidos segundo as normas do islamismo e, portanto, adequados para o consumo de muçulmanos. O projeto foi lançado no final de 2022 para duração de três anos com o objetivo de capacitar empresas, apoiá-las na obtenção da certificação halal e realizar ações de promoção comercial, como o atual Projeto Comprador.
Debate entre mulheres
No debate inaugural da agenda da semana, mesclando as temáticas sobre os negócios e os mercados em si com a sustentabilidade, participaram, além de Sato da Latam, a gerente-executiva de Inteligência de Mercado da companhia brasileira BRF, Regiane Nobrega, e Neveen Baher, gerente sênior da empresa Nexlene, joint-venture da saudita Sabic. Neveen participou da conversa de forma online. A mediação foi de Alessandra Frisso, diretora da Câmara Árabe e membro do Wahi.
Frisso instigou as participantes a falarem sobre os mercados do Brasil e países muçulmanos e como as empresas encaram a sustentabilidade. Nobrega contou sobre os estudos que a BRF faz sobre cada mercado em que atua e afirmou que o mercado halal tem muitas oportunidades. “A gente tem que entender a fundo cada um deles e tentar entregar o melhor produto possível de acordo com cada cultura”, afirmou ela. Assim como o Projeto Halal, a BRF se esforça para aumentar a exportação de produtos com valor agregado.
Baher contou sobre os produtos que a empresa na qual trabalha oferece, desde materiais para aviões até carros e celulares, e dos esforços que faz em direção à sustentabilidade, para tornar as suas soluções mais sustentáveis. Ela também falou sobre a Arábia Saudita e suas mudanças nos últimos anos, com o aumento de mulheres assumindo cargos executivos. Baher se disse orgulhosa da Sabic ter um grande percentual de líderes femininas atualmente.
Além de outras intervenções, Frisso disse que a sustentabilidade atualmente é uma questão de perenidade nos negócios, reforçando o ponto de vista colocado por Sato de que essa área deve deixar de ser vista como custo e passar a ser encarada como investimento. Frisso também falou sobre o Wahi, como comitê que conecta árabes e brasileiras. “Nossa ideia é inspirar mulheres brasileiras e árabes para que se aproximem e façam negócios”, disse. Segundo ela, a distância e as diferenças culturais podem dificultar essa aproximação, mas o conhecimento mútuo é o caminho. “Eu falo sempre que difícil é só aquilo que a gente não conhece, quando a gente conhece, a gente vê as oportunidades”, disse.
Projeto comprador
As boas-vindas aos árabes e brasileiros foram dadas nesta segunda-feira pelo presidente da Câmara Árabe, o embaixador Osmar Chohfi, que falou sobre a iniciativa Halal do Brasil. O projeto comprador promovido pelo Halal do Brasil terá rodadas de negócios até esta quarta-feira (07) na Câmara Árabe para empresas inscritas. Nesta terça-feira (06), o dia será aberto por uma apresentação dos estados do Rio Grande do Sul e Paraná. Na quarta-feira será a vez de Minas Gerais e Goiás apresentarem as suas potencialidades. Nos dois dias seguintes, os importadores visitarão Minas, Goiás e o Paraná divididos em três grupos, com encerramento da programação de forma coletiva no sábado (10) em Foz do Iguaçu.
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