São Paulo – A vida dos refugiados palestinos Faez Abbas e Salha Nasser é o tema do documentário “Vidas Deslocadas”, do diretor João Marcelo Gomes. O filme, que mostra a história do casal que, após ser forçado a deixar sua terra natal, passou por Iraque e Jordânia, e reconstruiu sua vida no Brasil, integra a 5ª Mostra Cinema e Direitos Humanos na América do Sul, que acontece em 20 capitais brasileiras até o dia 19 de dezembro.
Naturais da cidade de Haifa, que hoje é território israelense, o casal de palestinos vivia no Iraque quando, em 2003, com a invasão norte-americana ao país, teve que largar tudo e fugir para a Jordânia, onde passaram quatro anos morando no campo de refugiados de Ruweished. Após esse período, com a ajuda do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), Abbas e Salha vieram para o Brasil e refizeram suas vidas em Sapucaia do Sul, a 19 quilômetros de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
É essa história de superação que o diretor mostra no documentário de 13 minutos, produzido em 2009. Após mais de um ano de pesquisa e de conhecer diversas histórias semelhantes de palestinos que hoje vivem no sul do país, Gomes optou por contar a vida do casal de idosos.
“O principal motivo para a escolha é o fato de passarem por essa situação em uma idade tão avançada”, conta o diretor. “O fato de terem sido capazes de reconstruir a vida deles aqui no Brasil, longe de tudo, dos filhos, foi o que mais me chamou a atenção”, completa.
A ideia de fazer o filme sobre refugiados surgiu por meio de um amigo do diretor que trabalha no ACNUR e que o colocou em contato com o tema. Ele relata que o trabalho mudou sua própria visão sobre as pessoas refugiadas. “Me vinha uma imagem de pessoa sem perspectiva, mas estas pessoas têm uma dignidade muito grande, conversam com a família pela internet, têm certo grau de instrução. Eles têm sonhos e desejos. Busquei passar isso porque tinha uma ideia estereotipada do refugiado”, relata.
Para saber as cidades e as datas em que o documentário será exibido na mostra de cinema, os interessados podem acessar o site www.cinedireitoshumanos.org.br. O filme está participando de outros festivais de cinema pelo Brasil e, por enquanto, ainda não está disponível na internet. Para se ver um pouco do trabalho, o trailer de “Vidas Deslocadas” pode ser acessado na página www.grafoaudiovisual.com/movie/vidas-deslocadas/.