O rei Abdullah II chega nesta quinta-feira (23) ao Brasil para a primeira visita de um chefe de estado jordaniano ao país. Em Brasília, ele vai se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, e assinar acordos bilaterais. “É uma visita de estado de primeira linha com viés político e comercial. A idéia é estreitar os laços e ter o máximo de acordos”, disse à ANBA o chefe do Departamento do Oriente Médio I do Itamaraty, Cláudio Nascimento.
Os convênios de cooperação que serão firmados pelos dois governos são nas áreas de comércio e economia, ciência e tecnologia, turismo, cultura, consultas políticas bilaterais e auxílio jurídico mútuo em matéria penal. Até o final da tarde de ontem outros textos ainda estavam sendo negociados, então o número de setores contemplados poderá ser maior.
Outro tema que será tratado pelos dois governos é o acordo de livre comércio negociado atualmente entre o Mercosul e a Jordânia. No início da semana passada uma delegação do bloco sul-americano esteve em Amã para a primeira rodada. Os negociadores já trocaram listas de produtos e uma nova rodada deverá ocorrer no primeiro semestre de 2009. “Eles vão ressaltar a importância de ambos os lados trabalharem para extrair o máximo de resultados”, afirmou Nascimento.
Antes de chegar ao Brasil, o rei esteve no Chile e na Argentina. Em encontro com empresários em Santiago ele disse que espera que o Mercosul e seu país consigam atingir o livre comércio, segundo informações da agência de notícias jordaniana Petra. O Chile não é membro nato do Mercosul, mas tem um acordo de associação com o bloco.
Ao lado da presidente Michelle Bachelet, Abdullah II afirmou, de acordo com a Petra, que “incentivar a cooperação sul-sul em todos os níveis vai abrir novas áreas para realizações econômicas”, colaborando para o desenvolvimento dos países e com aumento da qualidade de vida das pessoas.
Na terça-feira, o rei seguiu para a Argentina, onde se reuniu com a presidente Cristina Kirchner. Segundo a agência de notícias portenha Télam, a Argentina impulsionou “ativamente e firmemente” a assinatura do acordo quadro que deu início às negociações entre o Mercosul e Jordânia.
O rei estará no Brasil acompanhado da rainha Rania, outros membros da família real e do governo. Em Brasília ele vai participar também de um almoço no Itamaraty, fará uma visita ao Congresso Nacional e vai assistir a uma apresentação de jiu-jitsu.
Melhor momento
Na sexta-feira, Abdullah II estará em São Paulo, onde fará a abertura do Fórum Comercial Brasil-Jordânia ao lado de autoridades brasileiras e do presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr. O evento é organizado pela Câmara Árabe e pelo Jordan Investment Board (JIB), a agência de promoção de investimentos do país árabe.
“As relações comerciais entre o Brasil e a Jordânia estão em seu melhor momento, e a visita do rei representa uma oportunidade para duas economias que são complementares. Por exemplo, o Brasil é um país forte no setor agrícola, ao passo que a Jordânia é grande fornecedora de fertilizantes”, disse Sarkis.
Durante o fórum será realizado um seminário sobre a economia e investimentos na Jordânia e rodadas de negócios. O rei virá acompanhado de uma delegação de empresários de diferentes setores que vão sentar frente a frente com empresários brasileiros. Mais de 400 companhias do Brasil se inscreveram para participar do evento.
A Câmara de Comércio e a Câmara da Indústria da Jordânia vão assinar acordos de cooperação com a Câmara Árabe Brasileira e com a Confederação Nacional da Indústria (CNI).
“Começa a haver uma atuação mais forte dos empresários. Passamos por um momento de crescimento das relações bilaterais e os dois países têm excelentes oportunidades de investimentos no ramo de turismo e em outras áreas”, declarou Sarkis.
As exportações brasileiras à Jordânia renderam US$ 233,2 milhões entre janeiro e setembro, um aumento de 8,4% em comparação com o mesmo período do ano passado. As importações de produtos do país árabe somaram US$ 10,9 milhões, um crescimento de 142,6% em relação aos primeiros nove meses de 2007.
Em São Paulo também, a rainha Rania vai visitar o projeto Cidade-Escola-Aprendiz, na Vila Madalena, apoiado pelo Unicef.