Marina Sarruf
São Paulo – Logo no primeiro dia da Francal, maior feira do setor calçadista do Brasil, os sapatos brasileiros já impressionaram os empresários sírios que participam do evento. "Em três horas de feira não acreditamos na qualidade dos produtos que já vimos", afirmou Imad Al Sarayri, chefe da delegação de nove importadores que estão no país pela primeira vez.
Ele já adiantou que pretende voltar em 2006 com o triplo de empresários para participar da próxima edição da Francal. De acordo com ele, o design dos calçados brasileiros supera os da Europa. "Agora é preciso avaliar os preços e fretes, porque os quesitos modelo e design já foram aprovados", disse.
Embora os importadores não tenham fechado negócios no primeiro dia da feira, já começaram a falar nas possibilidades. Uma das idéias é a formação de joint-ventures para a produção de calçados na Síria com tecnologia brasileira. "Acredito que essa feira é uma grande oportunidade para se iniciar as primeiras negociações com o Brasil", afirmou o chefe da delegação.
Franquia
Um outro negócio que interessa aos sírios é a abertura de franquias de marcas brasileiras no país árabes. "Pretendemos abrir uma franquia de uma loja de sapatos masculinos em Damasco, mas ainda estamos estudando a empresa", afirmou Abdul Rahamn Al Sarayri, diretor comercial da importadora e fabricante de calçados masculinos Padis Shoes.
De acordo com ele, a idéia de abrir uma franquia de sapatos brasileiros na Síria surgiu porque o país árabe começou a abrir as portas para esse tipo de negócio recentemente. "Estão surgindo novas leis que vão permitir fazer isso", disse. A Padis Shoes conta com 18 funcionários e produz cerca de 60 pares de sapatos masculinos por dia. "São sapatos artesanais, por isso temos interesse em importar mais", acrescentou. A empresa já importa matéria-prima e sapatos da Turquia, China e Itália.
Os empresários sírios procuram calçados que sejam modernos e tenham design diferente. "Não precisa ter marca, queremos um couro leve e barato", afirma Imad, o chefe da delegação. Segundo ele, os principais fornecedores da Síria são a China e a Turquia. Por outro lado, o país exporta para os países do Golfo, Rússia, Norte da África e Romênia. "No período de festas, como o Ramadã, a Síria chega a exportar um milhão de pares por dia", disse.
Preço competitivo
De acordo com o diretor executivo da fábrica síria Five Stars, M.Basem Al Kamsheh, o preço dos calçados brasileiros são mais competitivos do que os dos europeus e têm também um design melhor. Um dos objetivos de sua participação na feira é começar a importar matéria-prima brasileira para a fabricação de calçados na Síria, como couro, cordão e solado.
A empresa síria produz de 2 mil a 3 mil pares de sandálias masculinas, femininas e infantis por dia, e 20 mil solados por dia. Ela exporta 80% de sua produção para mais de 10 países. A fabricante, de origem familiar, conta com 150 funcionários e tem uma unidade industrial de 6 mil metros quadrados.
Projeto comprador
Para aumentar as exportações brasileiras de calçados e promover a marca Brasil no exterior, a Agência de Promoção de Exportações do Brasil (Apex) e a Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) desenvolveram o projeto Brazilian Footwear, que foi responsável pela vinda da delegação Síria à Francal.
Os árabes fazem parte de um grupo de 32 importadores de onze países que tiveram as despesas com passagens, hospedagem e serviços de intérprete bancados pelo projeto. A delegação Síria também conta com o apoio de funcionários da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (CCAB) durante a feira.
De acordo com o presidente da Francal, Abdala Jamil Abdala, são esperados mais de 60 mil compradores até o final do evento, entre eles três mil importadores de 100 países. A feira, que começou ontem (19) em São Paulo, vai até o dia 22.