Marina Sarruf
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São Paulo – O Sudão tem interesse em atrair investimentos brasileiros nos setores de petróleo e gás. A afirmação foi feita pelo conselheiro do presidente da República do país árabe, Mustafá Osman Ismail, que esteve ontem (23) na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo. "Além do comércio entre os dois países, há espaço para investimentos. Gostaríamos que as empresas brasileiras, como a Petrobras, fossem investir no Sudão", afirmou.
Ismail visitou a Câmara Árabe acompanhado pelo assistente Elhadi Siddig Ali Numirey, e pelo embaixador do Sudão em Brasília, Rahamtalla Mohamed Osman. Eles foram recebidos pelo secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby e o diretor da entidade, Mustapha Abdouni.
Durante o encontro, o conselheiro disse que com a descoberta de petróleo no Sudão, o país passou a ter um forte poder de compra. Tanto isso é verdade, que as exportações brasileiras para o país árabe no ano passado somaram US$ 79,81 milhões. De janeiro a junho deste ano, as vendas externas já renderam US$ 22,55 milhões, o que representou um aumento de 15,93% em relação ao mesmo período de 2006. Segundo Ismail, o Sudão pretende chegar a uma produção de 2 milhões de barris diários de petróleo até 2008.
Outro setor brasileiro de interesse apontado pelo conselheiro foi o agrícola. "Precisamos de produtos industrializados para desenvolver a nossa produção vegetal e animal. O Brasil é muito avançado em tecnologia agrícola e gostaríamos de aproveitar essa estrutura brasileira para ampliar a nossa produção de açúcar também", disse Ismail. Segundo ele, o Sudão produz, atualmente, 500 mil toneladas de açúcar ao ano e para ampliar essa produção, seria conveniente formar parcerias com empresas brasileiras. O país árabe possui 200 milhões de hectares de terras agricultáveis.
De acordo com o conselheiro, o Sudão também tem grandes projetos de infra-estrutura, como construções de rodovias, viadutos, redes de esgotos, hospitais, escolas, conjuntos habitacionais e redes de telecomunicações. "É preciso que haja representantes de grandes empresas brasileiras no Sudão", disse. O conselheiro também convidou à Câmara Árabe para organizar uma missão brasileira para conhecer melhor o potencial do país árabe e para participarem da Feira Internacional de Cartum, que a entidade vai participar no ano que vem pela terceira vez.
Segundo Ismail, o Sudão importa muitos produtos brasileiros de forma indireta, como por exemplo, carne de frango, que vem dos países vizinhos. "Queremos abrir um canal direto entre os dois países para passar a importar do Brasil diretamente", disse. Para isso, Alaby, sugeriu a criação de um conselho empresarial entre os dois países, para facilitar o contato e a troca de informações.
De janeiro a junho deste ano, o Brasil importou do Sudão US$ 34,66 mil contra US$ 73,96 mil. Os principais produtos sudaneses importados foram: matéria-prima para perfumaria, goma-arábica e outras juntas de borracha.
Ismail contou que os principais países investidores do país árabe são Malásia, França, Índia e África do Sul. Ele disse ainda que o Sudão, nos últimos três anos, foi o país árabe que mais recebeu investimentos estrangeiros e que há mais de quatro anos a economia do país cresce mais de 8%. Em relação à situação política em Darfur, Ismail disse que o país tem um plano de paz para que nos próximos quatro anos a situação esteja resolvida.
O conselheiro veio para São Paulo para participar do Congresso Internacional dos Muçulmanos da América Latina, que começou sexta-feira (20). Ele retorna hoje para seu país.