São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira homenageou na noite desta segunda-feira (25) o vice-presidente Michel Temer como Personalidade Câmara Árabe de 2013, em jantar comemorativo do Dia Nacional da Comunidade Árabe. “Tenho imensa honra em receber esta homenagem precisamente na data em que se comemora o Dia da Comunidade Árabe”, afirmou Temer para mais de 500 convidados no Esporte Clube Sírio, em São Paulo.
O vice-presidente é filho de libaneses que imigraram para o Brasil na primeira metade do século 20. “O Brasil é um país tão carinhoso que foi possível a tantos membros da comunidade árabe ter aqui tanto sucesso”, destacou Temer. “Eu sou um exemplo vivo deste acolhimento do Brasil”, acrescentou, ao falar de sua carreira profissional, acadêmica e política.
Ele ressaltou que no País foi possível um filho de imigrantes frequentar faculdade, tornar-se advogado, professor e depois galgar vários degraus da política. Antes de se eleger vice-presidente na chapa da presidente Dilma Rousseff em 2010, Temer foi procurador-geral do Estado de São Paulo, secretário estadual de Segurança Pública, deputado, três vezes presidente da Câmara Federal e é presidente do PMDB, um dos maiores partidos do Brasil, há 10 anos. “Só um povo caloroso e fraterno poderia dar esta possibilidade”, declarou.
O presidente da Câmara Árabe, Marcelo Sallum, disse que o 25 de Março, Dia da Comunidade, é uma “justa homenagem àqueles que deixaram a pátria mãe para tentar a sorte em uma terra desconhecida” e que depois ajudaram a “construir o Brasil”.
Ele contou que o primeiro registro de oficial da chegada de imigrantes árabes ao Brasil é de 1874, quando os irmãos de uma família palestina de sobrenome Zacharias aportaram no País. Já na década de 1950, de acordo com o executivo, 30% das fábricas de fiação e tecelagem de São Paulo pertenciam a empresários de origem árabe.
“Hoje a comunidade supera a marca de 12 milhões [de imigrantes e gerações de descendentes], é a 9ª maior comunidade árabe do mundo, uma nação dentro de uma nação”, destacou Sallum, ao oferecer a Temer o Grande Colar da Ordem do Mérito da Câmara Árabe.
Impulso
Temer, por sua vez, elogiou o trabalho da entidade citando os números do comércio do Brasil com os países do oriente Médio e Norte da África, que avançou mais de 140% de 2005 até o ano passado, quando chegou a quase US$ 26 bilhões. Ele acrescentou que, apesar da ligação proporcionada pelos imigrantes, a relação dos brasileiros com o mundo árabe começou a se fortalecer ainda mais, e em diferentes áreas, nos últimos 10 anos, a partir do primeiro mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que foi homenageado pela Câmara Árabe no mesmo dia em 2010, quando ainda estava no cargo.
O vice-presidente lembrou que recebeu da presidente Dilma a missão de fomentar o relacionamento do Brasil com os árabes e disse que já visitou o Líbano e o Catar. Na próxima semana, ele vai em viagem oficial a Omã. “Pretendo percorrer todos os países que aqui se fazem representar por seus embaixadores”, declarou. Entre os convidados estavam embaixadores de vários países árabes, como Omã, Kuwait, Líbano, Emirados Árabes Unidos, Argélia, Sudão, Iraque, Palestina, o representante da Liga Árabe e outros diplomatas.
Paz
Temer falou ainda sobre o conflito civil na Síria e sobre o processo de paz entre israelenses e palestinos. Ao observar que no jantar estavam presentes lideranças religiosas de diferentes denominações, como muçulmanos, cristãos ortodoxos, drusos, maronitas, entre outros, ele destacou que as relações pacíficas deveriam servir de mensagem para os países em conflito do Oriente Médio. “Não tem mais sentido que povos irmão briguem entre si, e até internamente”, ressaltou.
O vice-presidente contou que Dilma, que partiu ontem mesmo para a África do Sul para participar da cúpula dos Brics, pretende se empenhar para fazer com que o bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, atue em busca da paz na Síria. “O Brasil tem interesse nesta paz”, afirmou.
O decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, Ibrahim Alzeben, que é o representante da Palestina, disse que os conflitos na região são “um fenômeno passageiro” e citou a base de sustentação do governo Dilma, que conta com diversos partidos, como exemplo de aliança política. Nominalmente, ele falou do PMDB, legenda de Temer, o PT, partido da presidente, e o PCdoB, que tinha na plateia o deputado Protógenes Queiróz (SP) como representante. Alzeben discursou em árabe clássico a pedido de colegas, embora saiba falar português. "Vice-presidente, a homenagem é merecida, de todo o coração", disse.
Além dos políticos, diplomatas, diretores da Câmara Árabe e religiosos, compareceram ao jantar empresários, representantes de entidades da sociedade civil e outras lideranças da comunidade árabe. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, por exemplo, disse que a Câmara Árabe “foi muito feliz com a ideia de homenagear” Temer, não só por sua carreira, mas por sua ligação com a comunidade. Já o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, qualificou a festa de “justa homenagem a um brasileiro justo”.