São Paulo – O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, disse nesta segunda-feira (06), em São Paulo, que o “pior” que poderia acontecer ao setor seria o rompimento do acordo que o Brasil tem com o México, que permite o comércio de carros entre os dois países sem a cobrança de imposto de importação. Ele disse que o ideal seria, em vez de encerrar o acordo, ampliá-lo para outros produtos. O governo já manifestou essa intenção.
O presidente da Anfavea, que também acumula a presidência da FIAT na América Latina, disse que a ampliação do acordo poderia ajudar o Brasil a equilibrar a balança comercial com o México. “O rompimento seria o pior possível, mas vejo a oportunidade de ampliar o acordo com outros produtos em que o Brasil é competitivo”, afirmou.
A balança comercial com o México é deficitária em US$ 1,5 bilhão ao Brasil, mas já foi superavitária. Belini afirmou que, se forem somados o déficit que o Brasil tem na relação comercial com o México com o superávit que o País obtém nas vendas para a Argentina, o Brasil arrecada mais dinheiro do que gasta. Carros fabricados na Argentina também não pagam imposto ao entrar no mercado brasileiro
O executivo acrescentou que os modelos mexicanos que o Brasil importa complementam o mercado nacional.
“Faz parte de uma estratégia global de produção. Os carros de segmentos maiores, que não têm economia de escala para ser produzidos aqui, são feitos em outros países, como no caso do México, para complementar a produção nacional”, disse.
No começo do mês, o governo brasileiro cogitou sair do acordo comercial com o México por causa da balança negativa.
Na sexta-feira (03), o presidente mexicano, Felipe Calderón, telefonou para a presidente brasileira, Dilma Rousseff, para propor uma renegociação. No mesmo dia, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Fernando Pimentel, disse que outros produtos poderiam ser incluídos e o acordo, então, poderia ser ampliado em vez de suspenso. Hoje, o tratado vale apenas para veículos de passeio. A ideia é passar a contemplar outros itens, como caminhões e ônibus.
Exportações
A Anfavea ainda apresentou os resultados do setor no primeiro mês do ano. Em janeiro foram licenciados 268,3 mil autoveículos, 9,6% mais do que os 244,9 mil licenciados no mesmo período de 2011. O grupo de autoveículos é formado por veículos leves, caminhões e ônibus. Já entre as máquinas agrícolas, foram vendidas no mês passado 4,7 mil unidades, 16% a mais do que as quatro mil comercializadas no mesmo período de 2011. A produção de veículos caiu 11,4% em relação ao mesmo mês de 2011 porque há os estoques e porque as fábricas entraram em férias coletivas.
Mesmo com o crescimento nas vendas de máquinas agrícolas, o diretor da área na instituição, Milton Rego, afirmou que a previsão para este ano é que as vendas sejam iguais às do ano passado, o que, segundo ele, “é bom”. “Quando vemos os resultados de janeiro, é estranho prevermos um crescimento de 0% neste ano. Mas a manutenção doméstica no mesmo nível de 2011 precisa ser comemorada, porque o mercado é adequado à safra brasileira”, disse.
Já as exportações de autoveículos cresceram em janeiro: no período 33.075 unidades foram enviadas para o exterior, ou 6,9% a mais do que as 30.940 unidades exportadas no mesmo período de 2011. Em receitas, o crescimento foi de 22,9% para US$ 1,164 bilhão.
Mesmo com o resultado de janeiro, o setor prevê exportar 5,5% menos autoveículos do que em 2011, manter a mesma quantidade de máquinas exportadas (65,3 mil) e faturar 3% a menos do que no ano passado (US$ 15 bilhões). Segundo Belini, o câmbio desfavorável impede que as exportações de carros sejam competitivas.