Alexandre Rocha, enviado especial
Cairo – O secretário-geral da União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes, Elias Ghantous, disse ontem (25), em entrevista à ANBA, que os países árabes têm muito a aprender com o desenvolvimento econômico do Brasil. "Antigamente o Brasil produzia duas commodities, o café e o açúcar, mas diversificou sua economia e hoje consegue vender diversos produtos no mercado internacional e tirar vantagem da globalização", disse.
Ghantous participa, no Egito, do encontro das câmaras árabes de comércio no exterior. De acordo com ele, vários dos países árabes dependem hoje apenas de uma commodity, que é o petróleo, e precisam diversificar suas economias. "Esta é uma grande lição que os árabes podem tirar do Brasil", declarou.
Segundo Ghantous, essa troca de experiências poderá ser um dos resultados concretos da cúpula dos países árabes e sul-americanos, que será realizada em maio em Brasilia. "Somos todos países em desenvolvimento e podemos fazer muito no âmbito da cooperação sul-sul. Os árabes estão muito receptivos", declarou.
O economista Ghantous viajará ao Brasil para a cúpula. Ele já esteve no país em mais de uma oportunidade e inclusive representou o secretário-geral da Liga dos Estados Árabes, Amr Mussa, na posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003.
Embora a União Geral das Câmaras Árabes seja um entidade independente em relação à Liga, ela é reconhecida pelo organismo como representante do setor privado. O libanês Ghantous, de 65 anos, ocupa o cargo de secretário-geral há quatro anos.
Ele acrescentou que alguns países árabes já estão diversificando suas economias e fortalecendo as indústrias de produtos intermediários e de bens de capital. Nesse sentido, Ghantous defendeu a formação de joint-ventures entre empresas brasileiras e árabes para a produção, no mundo árabe, de mercadorias feitas com matérias-primas e tecnologia brasileira. "Joint-ventures são a resposta para a partilha de lucros e eventuais prejuízos. Trata-se de um instrumento equilibrado", disse.
Comércio maior
Ele acrescentou também que ainda há espaço para o Brasil ampliar suas exportações para a região em alguns setores, principalmente o de alimentos e de tecnologias de informação.
"Os países árabes importam o equivalente a US$ 24 bilhões por ano em alimentos e o Brasil pode ser um parcerio importante", disse. "O Brasil teve também um grande desenvolvimento na área de tecnologias da informação e os árabes precisam disso para sua nova indústria", acrescentou.
Ghantous disse ainda que pode haver uma maior liberalização do comércio entre a América do Sul e os árabes no futuro, graças à formação do blocos econômicos, como o Mercosul e a Área Ampliada de Livre Comércio Árabe, tratado que entrou em vigor no início deste ano e que foi ratificado por 18 países da região.