Alexandre Rocha
São Paulo – A Atech Tecnologias Críticas, empresa que atua no desenvolvimento de sistemas e softwares para o setor aeronáutico, e utiliza tecnologia 100% brasileira, começou prospectar países da Ásia e da África no ano passado e também tem interesse em conhecer o mercado árabe. A companhia surgiu em 1997 para participar da implantação do Sistema de Vigilância da Amazônia (Sivam).
"A Atech fez toda a integração dos sistemas do Sivam, participou da logística de sua implementação, foram mais de 900 sítios, fez o treinamento dos operadores e deu o apoio operacional inicial", disse à ANBA o diretor de marketing da empresa, Zareh Balekjian.
O Sivam é uma rede de coleta e processamento de dados, criada pelo governo brasileiro, com o objetivo de zelar pela chamada "Amazônia Legal", que compreende a região norte do país, o estado do Mato Grosso e parte do Maranhão, uma área de 5,2 milhões de quilômetros quadrados. Nessa rede são coletadas informações de satélites, aviões de vigilância, radares, sensores terrestres, entre outros equipamentos, que são utilizadas na defesa do país, no combate à criminalidade, pesquisas ambientais e meteorológicas, etc.
Fundado em julho de 2002, o Sivam hoje integra o Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), versão civil do programa, que agregou ao sistema outros órgãos dos governos federal, estaduais e municipais, organizações não governamentais, centros de pesquisa, entre outras instituições. Além de desenvolver parte dos sistemas utilizados e as interfaces para integrá-los, a Atech também atuou como receptora de tecnologia estrangeira utilizada no sistema. Ela continua a atuar no projeto, dando suporte técnico para as operações.
Com o conhecimento adquirido na implantação no Sivam, a empresa partiu para o mercado de controle de tráfego aéreo. Hoje, de acordo com Balekjian, 80% do tráfego aéreo no Brasil é monitorado por sistemas desenvolvidos pela Atech.
"Nós desenvolvemos produtos voltados para controle de tráfego aéreo, tanto para áreas pequenas, como as de aproximação de aeroportos, como para o controle de tráfego e rotas, além da integração entre estes sistemas", afirmou o executivo.
Nesse pacote entra também o controle do espaço aéreo voltado para a área de defesa, que identifica aeronaves que entram nos céus brasileiros sem autorização, já que tanto a aviação civil, quanto a de defesa, são monitoradas pelos Sistemas Integrados de Defesa Aérea e de Controle de Tráfego Aéreo (Sindactas), vinculados à Força Aérea.
Segurança pública
Embora o setor aeronáutico seja seu carro chefe, a Atech hoje desenvolve também produtos para outras áreas, como segurança pública. Um deles é o Infopol, um programa que integra as bases de dados das polícias, hospitais, corpo de bombeiros e outras instituições, para auxiliar no combate à criminalidade.
O sistema, que já foi instalado na região metropolitana de Recife (PE), permite a confecção de um "mapa da criminalidade" em determinado local, que auxilia a polícia a traçar suas estratégias. Com o cruzamento dos dados, o policial sabe, por exemplo, onde estão ocorrendo mais roubos de carros. "Isso ajuda a polícia a melhor direcionar os seus recursos", afirmou Balekjian.
Neste momento, o programa está sendo instalado também em Rio Branco, capital do Acre, e até o final do ano vai estar disponível na região metropolitana de Fortaleza (CE).
Na mesma área, a empresa vai lançar na terça-feira (03), em Brasília, um Sistema Informatizado de Identificação de Impressões Digitais (Afis, da sigla em inglês) desenvolvido para a Polícia Federal.
Segundo informações da Atech, já existem 900 mil pessoas cadastradas neste sistema, onde as impressões digitais são escaneadas e arquivadas. Com isso, o policia pode ter acesso rápido, por meio da coleta das impressões, à ficha de um suspeito detido e saber se ele já tem passagem pela PF por algum outro delito. De acordo com Balekjian, 50% dos postos da PF no país vão ser interligados ao sistema até o final do ano.
Na área de saúde, a empresa desenvolve no momento um sistema de prontuário único para a prefeitura de São Paulo. Com o programa, o médico de um posto de saúde na zona sul da cidade poderá ter acesso às informações de um paciente tratado anteriormente em um posto da zona norte, por exemplo.
A empresa também começou a atuar no setor de energia solar e implantou, no final do ano passado, um projeto para levar eletricidade para comunidades isoladas de Paraty, no Rio de Janeiro, em um convênio com o governo do estado, a prefeitura local e a multinacional do gás El Paso, que investiu mais de US$ 1 milhão no programa.
Também no final do ano passado, a Atech, a Quadrata e a japonesa Mitsubishi criaram a companhia MC1, para oferecer sistemas de comunicação empresarial sem fio.
Comércio exterior e árabes
A Atech já fez algumas vendas para o exterior. Um sistema de gerenciamento de frotas de aeronaves criado por ela é utilizado atualmente pela mexicana Allegro Air, que tem vôos entre o México e os Estados Unidos, e por uma companhia norte-americana que opera aviões executivos. O mesmo programa está sendo testado atualmente pela Varig Log, divisão de entregas rápidas da brasileira Varig.
"Agora estamos buscando outros mercados no exterior, tanto para produtos de controle do espaço aéreo, como para vigilância terrestre, de fronteiras por exemplo", afirmou Balekjian.
A empresa já começou a prospectar mercados na Ásia e na África. "Nos países desenvolvidos não existem opções para empresas como nós, no que diz respeito ao controle de tráfego aéreo", disse ele.
"Mas nossos preços são competitivos e a qualidade dos nossos produtos é a mesma de companhias do primeiro mundo. Foram esses fatores, por exemplo, que chamaram a atenção do Japão", acrescentou o executivo. Para o mercado japonês, a Atech vende softwares de gerenciamento voltados para a indústria e o comércio.
A empresa ainda não travou contato com os países árabes, mas eles estão em seus planos. "É um mercado interessante que precisamos desenvolver. Eles têm um bom conhecimento do que querem e são exigentes. Por isso, quando voltarmos nossas atenções para a região, precisaremos estar bem estruturados em termos de soluções que atendam esse mercado", afirmou Balekjian.
Ele lembrou que o Oriente Médio é uma região de tráfego aéreo intenso e, por isso, trata-se de um mercado propício.
Perfil
A Atech é uma fundação de direito privado, formada inicialmente por mais de 80 engenheiros e profissionais da área, muitos dos quais já haviam trabalhado antes no setor aeronáutico.
Hoje ela tem 480 funcionários, a maioria engenheiros e profissionais da área de informática. Sua sede, e maior "fábrica de softwares", fica em São Paulo, mas ela tem também escritórios em Brasília, Manaus (AM) e no Rio de Janeiro, além de uma subsidiária nos Estados Unidos, a Amazon Tech.
No ano passado a empresas faturou R$ 60 milhões, cerca de 90% no mercado interno e mais US$ 10 milhões em receitas da Amazon Tech. Para este ano, a diretoria da companhia espera um aumento de 20% no faturamento.
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