São Paulo – O Brasil quase triplicou suas importações de gás natural liquefeito (GNL) do Catar nos oito primeiros meses deste ano. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria de Comércio Exterior (MDIC), as compras saíram de US$ 21,2 milhões de janeiro a agosto de 2010 para US$ 82,2 milhões no mesmo período de 2011. O aumento foi de 286%.
O Catar é o terceiro maior exportador mundial de gás natural e tem também a terceira maior reserva comprovada da commodity, segundo dados da Agência Central de Inteligência norte-americana (CIA). As reservas comprovadas do país são de 25,3 trilhões de metros cúbicos e as exportações foram de 94,8 bilhões de metros cúbicos no ano passado.
Além do Catar, também exportaram GNL para o mercado brasileiro, de janeiro a agosto, Trinidad e Tobago, com US$ 48 milhões, e Estados Unidos, com US$ 13 milhões, somando cerca de US$ 144 milhões no total. O Catar foi o maior fornecedor do produto. A Nigéria, que havia exportado US$ 136 milhões em gás natural liquefeito ao País nos primeiros oito meses do ano passado, não exportou nada este ano.
O Brasil, na verdade, reduziu as importações de GNL este ano, já que nos oito primeiros meses de 2010 as compras totais somaram US$ 233 milhões. “O Brasil usa o gás natural liquefeito quando a demanda está crescente”, explica o analista da Tendências Consultoria Econômica, Walter De Vitto. Ele diz que em 2010, em função do efeito climático La Niña, houve menos possibilidade de gerar eletricidade pelas hidrelétricas. Nestes casos, o Brasil precisa usar mais energia vinda de termoelétricas, que usam gás.
O preço do GNL também não é favorável já que ele precisa ser transformado em líquido no país de origem, para assim ser transportado por navios até o Brasil, e depois é novamente gaseificado no Brasil. Dessa maneira, o preço do gás natural importado da Bolívia via gasoduto é mais baixo. A Petrobras, no entanto, começou a investir em usinas de gaseificação para não ficar tão dependente do gás boliviano. A estatal teve problemas com as suas operações no país vizinho há alguns anos.
O GNL importado do Catar entrou no Brasil justamente por estados onde a Petrobras tem usinas de gaseificação, o Ceará e o Rio de Janeiro. Vitto acredita que a demanda pelo gás natural liquefeito deve diminuir nos próximos anos, em função da ampliação da oferta doméstica de gás, que deve avançar bastante nos próximos 10 a 15 anos. “A não ser que a economia brasileira cresça muito”, diz o analista.
Além de descobertas de novos campos de gás, o Brasil também começa a produzir o gás do pré-sal. Em agosto deste ano, a produção de gás natural da Petrobras, no País, alcançou 57,8 milhões de metros cúbicos ao dia, com crescimento de 9% sobre o mesmo mês de 2010. No exterior, a companhia produziu 17,2 milhões de metros cúbicos, com crescimento de 6,6%.