Marina Sarruf
São Paulo – Representantes de 35 países, entre eles da Arábia Saudita, participam da 9ª Conferência Internacional de Proteção de Produtos Armazenados. O evento começou domingo (15) em Campinas, interior de São Paulo, e tem como objetivo discutir os principais problemas que afetam a pós-colheita de grãos e fibras. Essa é a primeira vez que um país da América do Sul apresenta a conferência, realizada a cada quatro anos em diferentes países.
O evento, que segue até quarta-feira (18), é coordenado pelo International Permanent Committee e promovido no Brasil pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos).
De acordo com um dos organizadores do evento e pesquisador da Embrapa Trigo, Benami Bacaltchuk, os principais problemas que afetam a pós-colheita de grãos e fibras estão na armazenagem, secagem, nos resíduos tóxicos, impurezas e insetos encontrados nas commodities. "O mundo está cada vez mais exigente. O consumidor busca um produto limpo, com boa aparência e de valor nutricional", afirmou. O evento também vai abordar os aspectos econômicos e sociais dos problemas enfrentados com a armazenagem.
Segundo dados da Conab, a capacidade brasileira de armazenagem é de 114,4 milhões de toneladas, sendo que o país produz cerca de 120 milhões de toneladas.
Segundo Bacaltchuk, durante a conferência, palestrantes de diversos países vão discutir esses problemas dentro de uma visão científica. A questão da qualidade dos alimentos tem sido um fator decisivo para tornar os países mais competitivos no agronegócio mundial. "O evento vai nos permitir trocar informações nessa área e conhecer as inovações de diferentes países", disse. Bacaltchuk ainda lembrou que os países árabes são grandes importadores de commodities brasileiras.
De janeiro a setembro deste ano, as exportações do agronegócio brasileiro aos países árabes renderam US$ 2,98 bilhões, um aumento de 15,37% em comparação com o mesmo período do ano passado. No geral, as vendas externas do setor aumentaram 11% nos primeiros nove meses do ano e chegaram a US$ 36 bilhões.
Na manhã de ontem, o ministro da Agricultura, Luís Carlos Guedes Pinto, participou da conferência e lembrou da importância do agronegócio nas exportações brasileiras. Ele disse que o saldo da balança comercial estimado para este ano é de US$ 47 bilhões, sendo que US$ 41 bilhões são provenientes do agronegócio. Ele afirmou ainda que o país possui 280 milhões de hectares destinados à agricultura.
De acordo com Bacaltchuk, o Brasil tem se destacado no cenário mundial como maior produtor de commodities, principalmente grãos. "Somos o segundo maior exportador de soja e o terceiro maior produtor de milho", disse.
A conferência reúne cerca de 700 pessoas, entre cientistas, pesquisadores, professores, técnicos de armazenagem e produtores rurais. Entre os palestrantes estão representantes de países como Brasil, China, Itália, Estados Unidos, República Tcheca, Espanha, Áustria, França e Israel.
Além de palestras, a conferência tem um espaço onde estão expostos 215 trabalhos científicos em forma de posters, que falam sobre alguns métodos alternativos ao controle químico de pragas, técnicas de medir a qualidade dos grãos durante a secagem, novas formas de vedação de armazéns e conceitos de segurança no trabalho.