Da Agência Lusa
Lisboa – O Brasil e a China alcançaram os Estados Unidos na lista dos principais fornecedores comerciais de Angola e estão se aproximando rapidamente de Portugal, principal origem das importações angolanas, revelam dados apresentados nesta quinta-feira pelo banco português BPI.
"O segundo maior parceiro [comercial de Angola] tem sido tipicamente os Estados Unidos", que, em 2007, "disputa de muito perto sua posição com o Brasil e a China, países cuja presença tem vindo a crescer significativamente", afirma o Departamento de Estudos Econômicos e Financeiros do banco, em relatório periódico sobre a economia angolana.
Os dados provisórios disponíveis indicam que, em 2006 e 2007, as importações do Brasil aumentaram 61% e 45%, respectivamente, enquanto as da China cresceram 140% e 39%.
No ano passado, as compras angolanas dos Estados Unidos caíram 17%, para a casa de US$ 1,2 bilhão, na qual se situam agora as importações chinesas e brasileiras.
"Os Estados Unidos evidenciam-se pela negativa, pois têm vindo a perder terreno mesmo em valor absoluto", dizem os analistas do BPI.
Os especialistas ressalvam, no entanto, que é preciso considerar que o comércio com a China era insipiente, o que refletiu na alta taxa de crescimento, e que os dados estatísticos são de caráter provisório.
As importações portuguesas atingiram, em 2007, a cifra de US$ 1,52 bilhão, quase o dobro da registrada em 2005, representando 40% do total da União Européia.
Os produtos que mais contribuíram para este aumento foram máquinas e equipamentos mecânicos e elétricos, equipamento de transporte, mobiliário, cerveja, partes e estruturas de metal, vestuário e têxteis.
"Portugal assume claramente a liderança, mas é visível a aproximação, com alguma rapidez, quer da China, quer do Brasil", diz o banco, que revela que também a África do Sul poderá aumentar rapidamente suas vendas "assim que for possível efetuar o transporte por via terrestre, sobretudo atendendo às dificuldades logísticas decorrentes do esgotamento da capacidade do Porto de Luanda".
Quanto ao destino das exportações angolanas, basicamente concentradas no petróleo, destaca-se o crescimento da China que, com a cifra de US$ 10,6 bilhões, ultrapassou os Estados Unidos como principal destino.
Em meados de fevereiro, a produção petrolífera angolana atingiu 1,9 milhão de barris diários, um aumento de 200 mil barris em relação ao ano passado. A petrolífera estatal Sonangol mantém a meta de 2 milhões de barris diários até o final deste ano.
"Apesar das recentes descobertas, acredita-se que as estimativas de aumento de produção, associadas ao início de exploração de novos poços, poderão ser diluídas pela exaustão de produção de outros poços mais antigos", tornando menos significativos os aumentos, alerta o BPI.
O leilão para a atribuição de novas licenças de exploração, que deveria acontecer este mês, foi recentemente adiado, sem que fosse definida nova data.
Quanto ao setor de diamantes, os analistas do BPI identificam "sinais de forte dinamismo", "resultado de uma maior cooperação internacional" por parte da concessionária estatal Endiama.
A mesma animação se estende aos investimentos privados, principalmente em Luanda, Benguela, Huíla e Kwanza Sul.
"Um dos motores do investimento privado, em especial na área da construção civil, tem sido a realização do Copa Africana das Nações, em 2010, quando o país terá mais 39 hotéis", diz o BPI.
Já o mercado de crédito "continua se expandindo de forma robusta", com um crescimento homólogo acima de 100%, apesar de, em janeiro, ter sido registrada a primeira queda mensal em vários meses.