Alexandre Rocha
São Paulo – O Brasil vai participar de dois projetos ambientais no sul do Líbano. De acordo com informações do Itamaraty, uma ajuda de US$ 10 mil para os programas já foi aprovada pelo governo e enviada para a embaixada brasileira em Beirute. O pedido de auxílio foi feito pelo enviado do secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU) à região, Steffan de Mistura.
"A participação brasileira nos dois empreendimentos reflete a tradicional relação de amizade entre o Brasil e o Líbano, além do empenho do governo brasileiro em ajudar o processo de reconstrução do Líbano", diz nota divulgada pelo Ministério das Relações Exteriores.
Os dois projetos fazem parte das ações de paz das Nações Unidas, que incluem o programa de erradicação de minas terrestres. O primeiro deles é um plano de reflorestamento, batizado de "A Tree for a Mine" ("Uma Árvore por uma Mina"), e consiste, basicamente, no plantio de uma árvore toda vez que uma mina for retirada do solo libanês.
Já o segundo, chamado de "Seeing the South" ("Observando o Sul"), é uma competição de projetos paisagísticos para a região, realizados por estudantes universitários libaneses. No total, 21 trabalhos foram inscritos e no dia 11 de maio a comissão julgadora escolheu 12 finalistas. Os vencedores serão anunciados em setembro e terão um orçamento de até US$ 50 mil para implementar o projeto.
De acordo com informações do site do "Seeing the South" na internet, os objetivos do programa são "encorajar uma nova maneira de ver e entender o sul do Líbano", além de "promover formas alternativas de explorar a história, os recursos naturais e agrícolas e a população local".
Retirada
Após a retirada das tropas israelenses do sul do Líbano em maio do ano 2000, centenas de milhares de minas terrestres e outros artefatos explosivos foram deixados para trás, como resultado de mais de duas décadas de ocupação e conflitos internos.
De acordo com informações da ONU, o processo de retirada das minas teve início mesmo antes da desocupação israelense. Num período de 10 anos, o exército libanês "limpou" 20 milhões de metros quadrados de solo do país. Após a saída de Israel, a operação batizada de "Emirates Solidarity", custeada pelos Emirados Árabes Unidos, deixou livres de artefatos explosivos outros cinco milhões de metros quadrados em apenas dois anos. Organizações não- governamentais "limparam" mais 400 mil metros quadrados.
Segundo a ONU, apesar dos esforços, apenas 50% das áreas "contaminadas" do sul do Líbano estão livres das minas. O número de vítimas desses explosivos, porém, vem diminuindo.
Os Emirados são os maiores doadores para o programa de erradicação das minas terrestres do sul do Líbano, com cerca de US$ 50 milhões investidos na operação "Emirates Solidarity", encerrada em maio deste ano.
Numa entrevista ao jornal árabe Khaleej Times, Steffan de Mistura disse, no entanto, que outros 11 países já contribuíram com o programa. No caso dos dois projetos ambientais, ele também pediu contribuições para outros países, além do Brasil.
De acordo com o enviado da ONU, os projetos que estão sendo tocados agora fazem parte do plano de desenvolvimento da região, já que, segundo ele, a presença das minas inibia o retorno das pessoas para o sul do Líbano e o desenvolvimento econômico local.
Contatos
Mine Action Coordination Centre Southern Lebanon (centro de erradicação das minas do sul do Líbano)
www.maccsl.org
Seeing the South
www.seeingthesouth.com