Isaura Daniel
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São Paulo – As indústrias brasileiras aumentaram em 20,2% as suas exportações de queijo para os países árabes nos sete primeiros meses deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado. Elas saíram de US$ 743,7 mil entre janeiro e julho de 2006 para US$ 894,6 mil nos mesmos meses de 2007. Em volume, o aumento das vendas, porém, foi menor do que em valores, em função da alta nos preços do leite, principal matéria-prima dos queijos. Elas cresceram 11,53%, de 304 toneladas para 339 toneladas.
De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Queijos (Abiq), Paulo Hegg, o crescimento das vendas para os países árabes poderia ter sido maior se não fosse o aumento dos preços do leite ocorrido nos últimos 12 meses. A alta acabou se refletindo também nos derivados. Fatores como seca na Austrália, grande produtora mundial de leite, e enchentes na Argentina, outra grande produtora, combinados com aumento da demanda pelo produto na Ásia e nos novos países do Mercado Comum Europeu ocasionaram o crescimento dos preços do leite, segundo Hegg.
Mesmo assim os árabes compraram mais queijos do Brasil. Os países da região que importaram o produto brasileiro entre janeiro e julho foram Arábia Saudita, Líbano, Iêmen e Emirados Árabes Unidos. A Arábia Saudita foi a maior compradora, com US$ 641,8 mil, seguida do Líbano, com US$ 174,9 mil, do Iêmen, com US$ 33,3 mil, e dos Emirados, com US$ 17 mil. O maior aumento nas vendas ocorreu no Iêmen, com compras 985% maiores. O país árabe, porém, havia importado apenas US$ 3 mil nos sete primeiros meses de 2006.
O segundo maior crescimento das compras de queijos brasileiros entre os árabes foi do Líbano, que aumentou em 72,6% as suas importações. A Arábia Saudita comprou 11,86% mais. Os Emirados Árabes Unidos, porém, importaram 252% a menos e países como Catar, Kuwait e Omã, que haviam comprado queijos do Brasil em 2006, em volumes pequenos, ainda não fizeram importações este ano. O maior volume de compras de queijo brasileiro, entre os árabes, foi do produto fresco do tipo mussarela.
Entre os estados brasileiros, o maior fornecedor de queijos para os árabes, entre janeiro e julho, foi o Rio Grande do Sul, com US$ 628 mil, seguido do Mato Grosso do Sul, com US$ 130 mil, e de Minas Gerais, com US$ 109,2 mil. Os demais estados brasileiros não exportaram queijos para o mundo árabe no período. A Tirolez, indústria de queijos com fábricas em São Paulo e Minas Gerais, chegou a exportar queijos neste ano para o Líbano, segundo Hegg, gerente de exportações da empresa, mas interrompeu as vendas há cerca de três meses em função do preço alto do leite.
O aumento, na verdade, se refletiu na balança comercial brasileira. Entre janeiro e junho as exportações nacionais de queijos e requeijões caíram 14,45% em relação aos mesmos de 2006, de US$ 11,9 milhões para US$ 10,2 milhões. Em volume, as vendas também recuaram de 4,4 mil toneladas para 3,6 mil toneladas, segundo informações fornecidas pela Abiq.