São Paulo – A corrente de comércio entre o Brasil e os países árabes chegou a US$ 9,4 bilhões no primeiro semestre deste ano, resultado da soma de exportações brasileiras de US$ 4,1 bilhões e importações de US$ 5,3 bilhões. Todos os números são recordes para o período. As informações foram divulgadas ontem (08) pelo presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr.
Já os dados de junho foram recordes mensais. As vendas brasileiras renderam US$ 966,15 milhões, as compras US$ 1,37 bilhão e a corrente comercial ficou em US$ 2,336 bilhões. “Foi um mês histórico para as relações bilaterais”, disse Sarkis em entrevista coletiva realizada na sede da Câmara Árabe, na capital paulista.
De acordo com ele, o crescimento do comércio está acima do esperado. No primeiro semestre, as exportações brasileiras cresceram 27,7% em comparação com os primeiros seis meses de 2007, as importações 100% e o fluxo comercial 60,1%. No início do ano, a Câmara estabeleceu como meta um aumento de 10% nas relações comerciais.
A participação dos negócios com os árabes na balança comercial brasileira também atingiu nível recorde. As vendas representam hoje 4,6% das exportações totais do Brasil, as compras 6,7% de tudo o que o país adquire do mundo e a corrente comercial 5,5%.
Os principais destinos das exportações brasileiras foram a Arábia Saudita, que importou o equivalente a US$ 1 bilhão, Emirados Árabes Unidos (US$ 609 milhões), Egito (US$ 544 milhões), Argélia (US$ 255 milhões), Kuwait (US$ 240 milhões) e Marrocos (US$ 226 milhões).
As mercadorias de maior destaque na pauta foram as carnes de frango e bovina, cujos embarques renderam US$ 1,4 bilhão no semestre, açúcar (US$ 622 milhões), minérios (US$ 596 milhões), produtos siderúrgicos (US$ 215,5 milhões), aeronaves (US$ 167 milhões) e máquinas (US$ 136 milhões).
Importações
Os maiores fornecedores do Brasil no período foram Arábia Saudita, que vendeu o equivalente a US$ 1,5 bilhão, Argélia (US$ 1,4 bilhão), Marrocos (US$ 630 milhões), Iraque (US$ 600 milhões) e Líbia (US$ 586 milhões).
Os principais itens da pauta de importações foram petróleo e derivados (US$ 4,3 bilhões), fertilizantes (US$ 563 milhões), produtos químicos inorgânicos (US$ 177 milhões), fosfato de cálcio, enxofre a granel e rochas (US$ 123 milhões) e material elétrico (US$ 18,8 milhões).
Sarkis ressaltou que houve um aumento significativo de 220% nas importações de fertilizantes, o que, em sua avaliação, é um dado positivo que mostra certa diversificação da pauta, tradicionalmente concentrada em produtos da indústria petrolífera.
Sobre o déficit de US$ 1,15 bilhão que o Brasil acumula no comércio com os árabes, Sarkis disse que ele é resultado do aumento do preço do petróleo, mas que tradicionalmente a balança tende ao equilíbrio. Ele acredita que as exportações brasileiras vão se intensificar no segundo semestre, especialmente até o mês islâmico do Ramadã, que este ano vai coincidir com setembro.
“Nos meses que antecedem o Ramadã há um aumento significativo nas exportações, especialmente de alimentos”, disse Sarkis. “No segundo semestre geralmente as exportações crescem mais, então a perspectiva é de que o déficit deve diminuir até o final do ano”, acrescentou. O presidente da Câmara Árabe acredita que o comércio bilateral deverá fechar o ano com um aumento de cerca de 30%.
Ele citou alguns eventos que vão ocorrer nos próximos meses que poderão alavancar ainda mais os negócios, como a visita ao Brasil do ministro das Relações Exteriores da Jordânia, Salaheddin Al-Bashir, e depois do próprio rei jordaniano, Abdullah II; a realização de uma missão comercial a países do Golfo Arábico; a Big 5 Show, feira do ramo da construção em Dubai; e a segunda edição da Cúpula América do Sul-Países Árabes, que deverá ocorrer no primeiro trimestre de 2009 em Doha, no Catar.