Alexandre Rocha, enviado especial
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Dubai – Os Emirados Árabes Unidos não são exatamente conhecidos por sua produção agrícola. Quando se fala no país geralmente as pessoas pensam nos arranha-céus de Dubai e no petróleo de Abu Dhabi. Mas pelo menos em um produto do campo, ou do deserto, o país se destaca: as tâmaras. Aqui existem 40 milhões de tamareiras, entre árvores em crescimento e em produção.
A maior parte das frutas é exportada, mesmo com uma alta taxa de consumo interno. De acordo com o diretor do Departamento de Proteção Vegetal e Extensão Agrícola do Ministério do Meio Ambiente e Águas, Hassan Hamoodi, as tâmaras são vendidas principalmente para países da Ásia e Europa.
A colheita da fruta ocorre no verão, geralmente a partir de julho. Quando pequenas, as tamareiras têm que ser irrigadas e o país investe em pesquisa para aumentar a produtividade e a resistência das plantas. Uma árvore demora cerca de três anos para começar a produzir.
Os Emirados produzem também outros vegetais e têm rebanhos de cabras, ovelhas e gado. Mas, ao contrário das tâmaras, nestes e em vários outros casos o país precisa importar. Hamoodi recebeu ontem (25) diretores da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e representantes do Ministério da Agricultura que estão em Dubai para participar da feira de alimentos Gulfood.
Estavam presentes o secretário de Relações Internacionais do Agronegócio do Mapa, Célio Porto, o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério, Eduardo Sampaio Marques, o vice-presidente de Marketing da Câmara Árabe, Rubens Hannun, o secretário-geral da entidade, Michel Alaby, e o diretor Bechara Ibrahim.
Hamoodi e o professor Ahraf Mohammed Abbas, do Departamento de Saúde Animal do país árabe, falaram sobre a necessidade do país importar produtos agropecuários e disseram que há interesse na compra de animais vivos para a produção de leite e abate. Abbas demonstrou interesse em raças de bois existentes no Brasil que têm bastante resistência ao calor.
Exportadoras
Embora o agronegócio não seja uma vocação econômica importante no país, a indústria alimentícia é, e inclusive exportadora. É o caso, por exemplo, da Al Ghurair Foods, que tem um estande grande na Gulfood. A empresa produz diversos produtos, como farinhas, massas, óleos vegetais, arroz e frangos.
As matérias-primas utilizadas nas mercadorias, segundo o gerente de vendas Umair Zaki, são basicamente importadas, mas os produtos finais são exportados para 78 países. A principal marca da empresa chama-se Jenan. O grupo tem oito fábricas nos Emirados e outras no Sudão, Paquistão e Sri Lanka.
Outra companhia árabe exportadora de alimentos é a egípcia Juhayna, do ramo de lácteos. Ao contrário da Al Ghurair, porém, ela só utiliza leite produzido do Egito. “Nós temos 35 fazendas fornecedoras que estão entre as maiores do país, com no mínimo 300 vacas”, disse a gerente de relações públicas da empresa, Hebe Thabet.
A Juhayna vende para os Estados Unidos, Europa, África e Extremo Oriente. Ela participa pela primeira vez da Gulfood e ainda não fornece aos Emirados. “A feira é uma oportunidade de encontrar clientes em potencial e também empresários que já são nossos clientes", disse Hebe. “A mostra abre portas para vários mercados”, acrescentou.
É mesmo uma Babel. A feira ontem estava lotada e entre os expositores e visitantes era possível ouvir uma infinidade de línguas. Para se entender, negociantes de diferentes nacionalidades lançavam mão do inglês.