Omar Nasser, da Fiep*
Curitiba – Apesar dos conflitos, o Iraque não deixa de oferecer oportunidades de negócios para diversas empresas. Entre elas está a Maringá Soldas, indústria de Curitiba (PR), especializada na produção de cabeçotes para caminhões e tratores. Os dois primeiros embarques para o país, num total de 200 peças e US$ 80 mil, foram feitos em novembro de 2004 e abril deste ano. Um terceiro está programado para este mês. Serão enviadas mais 100 peças no valor de US$ 40 mil.
O Brasil tem marcado posição no Oriente Médio e Norte da África não apenas como fornecedor de commodities agrícolas, mas também como produtor de bens de maior valor agregado e peso tecnológico. Por sua vez, os países árabes, localizados em grande parte em regiões de altas temperaturas, surgem como um mercado importante para peças de reposição. "Lá é muito quente e isso provoca problemas nas máquinas", observa Cássia Imai, diretora adjunta de Exportações da Maringá Soldas.
O cliente da empresa no Iraque é a Al-Rahma, uma grande distribuidora de autopeças que compra, basicamente, cabeçotes para tratores. Indagada se o conflito do qual o país é palco não prejudica os negócios, Cássia é enfática: "não". Um dos segredos é saber quem é o cliente. "Nós o conhecemos pessoalmente, já que ele participou de várias feiras", explica ela. Outro é escolher a forma correta de receber o dinheiro que, no caso da Maringá Soldas, é o pagamento antecipado. "Só embarcamos mediante o depósito do valor".
As exportações da Maringá Soldas no Oriente Médio, contudo, não se restringem ao Iraque. Por meio de Ghorban Ronaghi Soufiani, distribuidor exclusivo situado em Teerã (no Irã, que não é um país árabe), os cabeçotes produzidos em Curitiba chegam, também, aos Emirados Árabes Unidos e à Síria.
Para Cássia, o mercado árabe apresenta um potencial muito grande para a indústria brasileira. Ela destaca que os países da região estão se abrindo economicamente ao Ocidente. Além disso, alguns deles buscam fornecedores que substituam produtores norte-americanos, o que abre espaço para os exportadores brasileiros.
A Câmara de Comércio Árabe Brasileira (CCAB) inclusive identificou o setor de autopeças como de grande potencial na região. Nesse sentido, a entidade vai promover a participação de companhias brasileiras na Saudi Motorshow, feira do setor automotivo que vai ocorrer em novembro na Arábia Saudita.
*Federação das Indústrias do Estado do Paraná