Marina Sarruf
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São Paulo – A empresa egípcia MA Medical, fabricante de produtos descartáveis para o setor médico, tem interesse em investir no Brasil. A companhia, que está participando da 14ª edição da Hospitalar, feira do setor de saúde, em São Paulo, busca uma parceria brasileira para abrir uma fábrica no país. Essa é a segunda vez que a MA Medical expõe na feira, que termina hoje (15), no Expo Center Norte.
“A abertura de uma fábrica no Brasil facilitaria a entrada dos nossos produtos no país. Poderíamos utilizá-la para o acabamento dos produtos, que seriam esterilizados e embalados aqui”, afirmou o vice-presidente da MA Medical, Ahmed Mohammad Mahmmoud El Basuoni.
Na edição da Hospitalar do ano passado, a empresa egípcia conseguiu um distribuidor no Brasil, porém, até todos os produtos serem registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) demora no mínimo nove meses. “Nosso distribuidor já está tomando todas as providências para conseguirmos entrar com nossos produtos no Brasil. Acredito que as primeiras exportações devam sair em breve”, disse El Basuoni.
“Acredito também que o Brasil é a nossa porta de entrada para outros mercados da América Latina”, afirmou El Basuoni, que também fez contatos na feira com importadores da região.
A MA Medical, que já exporta para 25 países, conta com duas fábricas no Egito e tem planos também de abrir uma terceira. “Metade da nossa produção é destinada para o mercado externo. Quando começarmos a exportar para o Brasil teremos que aumentar ainda mais a nossa produção”, disse El Basuoni.
Segundo ele, a companhia egípcia emprega cerca de 300 funcionários e é uma das maiores do setor no Egito. Entre os principais produtos fabricados pela empresa estão os cateteres para diálise, urologia e veias centrais. Uma das novidades da MA Medical é a produção de bolsas para colostomia.
Outra empresa egípcia que também tem interesse em formar uma joint-venture com uma companhia brasileira, conforme a ANBA anunciou quarta-feira, é a Euromed. Segundo o vice-presidente da companhia, Wael Reda Abdou, ele deverá voltar ao Brasil em setembro para tratar do assunto. “Estamos atrás de uma zona franca, onde vamos receber incentivos fiscais e não pagaremos taxas tão elevadas”, disse.
No total, cinco empresas do Egito estão participando da Hospitalar, todas já participaram no ano passado. A Enteplin, por exemplo, fabricante de componentes médicos descartáveis, ainda não exporta para nenhum país da América Latina e tem muito interesse em achar um distribuidor local. “Produzimos mais de 55 itens diferentes, podemos adaptar nossos produtos conforme o interesse do cliente e oferecemos preços competitivos”, disse o gerente de exportação da empresa, Magdy El Dabe.
De acordo com ele, essa edição da feira está melhor que a anterior. “Recebi contatos da Argentina, Chile, Paraguai, Uruguai, Costa Rica. É uma grande oportunidade para abrirmos mercado também nesses países”, acrescentou El Dabe.
Outra empresa egípcia que também busca distribuidores no Brasil é a Pharmaplast, fabricante de curativos em geral. “Já temos um distribuidor, mas queremos ter pelo menos uns dez. O mercado brasileiro é muito grande”, disse o diretor técnico da companhia, Mamdouh H. Atteia.
Importadores árabes
A Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo) e a Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex) organizaram, paralelamente à feira, rodadas de negócios com importadores de 18 países, inclusive árabes.
As quatro empresas árabes que participaram das rodadas de negócios ainda não importam do Brasil e vieram para feira justamente para conhecer o mercado brasileiro do setor médico-hospitalar. “Importo equipamentos médicos, principalmente, da Inglaterra, Japão, Alemanha, França e Itália, mas estão muito caros. Estou em busca de produtos com qualidade e preços mais baixos, então pensei no Brasil, que é um país emergente como a Tunísia”, disse o diretor geral da empresa tunisiana TMS, Hichem Najjar.
A companhia, que importa cerca de US$ 2,5 milhões em equipamentos médicos por ano, distribui seus produtos na Tunísia e na Líbia. Segundo Najjar, o faturamento da empresa cresce em média 25% ao ano. “É um setor que apresenta um forte potencial e estou aqui para ampliar meu leque de fornecedores”, disse.
Outro empresário que também ficou interessado nos produtos brasileiros foi o gerente da Intermed, Qasem Sumrein, da Jordânia. “O Brasil tem muitos fabricantes desse setor, eu fiquei surpreso com o tamanho dessa feira, não tinha a noção do tamanho do mercado brasileiro”, disse. A Intermed movimenta de US$ 2 milhões a US$ 3 milhões ao ano. “Fiquei interessado em muitas empresas brasileiras. Elas têm uma excelente qualidade e acredito que vou fazer ótimos negócios em breve”, acrescentou Sumrein.
Por outro lado, os empresários do Kuwait e da Arábia Saudita acharam os preços dos produtos brasileiros altos. “Gostei muito do entusiasmo dos empresários brasileiros em querer vender, mas acho que ainda falta preparo da parte deles. Para entrar no mercado externo é preciso que eles dominem pelo menos o inglês”, disse o gerente de vendas da Moseco, Maher Zahran Saleh, da Arábia Saudita. A companhia é agente exclusiva de 25 empresas sauditas e é uma das dez maiores distribuidoras do setor no país.
De acordo com o gerente da Mohamed N. Al-Hajery, Ravi Dhir, do Kuwait, além dos produtos e equipamentos médicos, o Brasil deveria investir também no setor de turismo saúde. “O Brasil tem excelentes cirurgiões plásticos, como o Pitanguy, por exemplo. Tenho certeza que as mulheres árabes iriam adorar vir para cá”, afirmou. A Apex já tem um programa de exportação de serviços médicos.