Alexandre Rocha, enviado especial
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Casablanca – A maioria dos representantes de empresas brasileiras que participa da missão ao Norte da África, organizada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e pela Agência de Promoção das Exportações e Investimentos do Brasil (Apex), acredita na possibilidade de realização de negócios no Marrocos. Ontem (29), eles participaram durante todo o dia de rodadas de negócios com empresários locais, no Hotel Hyatt Regency, em Casablanca.
"Fizemos 18 contatos, sendo 11 bem frutíferos", disse Daniel Schnorr, da Link Worldwide, que representa diversas fábricas de componentes para a indústria de calçados. Os produtos mais demandados, segundo ele, foram couros, couros reciclados, químicos para curtimento e acabamento, papelão para palmilhas e panos sintéticos. "Acredito que vão entrar pedidos na ordem de US$ 100 mil por um ano", declarou.
Já Ivini Granado, da Predilecta Alimentos, recebeu 20 pessoas interessadas nos produtos alimentícios que a empresa produz, como goiabada, atomatados e geléias. "Nós vamos fechar alguma coisa, é questão de tempo", afirmou. Segundo ela, a maior parte dos marroquinos com que conversou está interessada em se tornar distribuidor da marca, mas ela ainda não fechou um acordo neste sentido. Ivini acredita que em breve deve enviar um ou dois contêineres de mercadorias para um destes contatos com o objetivo de testar o mercado.
Márcio Lário, da Nitriflex, fábrica de borrachas sintéticas, que se reuniu com 15 empresários marroquinos, acredita que pelo menos um deles deverá fazer encomendas entre US$ 20 mil e US$ 30 mil. O produto mais demandado foi uma resina de alto estireno, utilizada na produção de solas de sapatos.
A Starret, empresa que fabrica ferramentas, representada por Sérgio Luis Teizen, fez oito contatos. "Um deles valeu bastante, vai dar negócio. O empresário conhece nossa marca, conhece o mercado. Eu vou visitar a empresa dele amanhã (hoje) cedo", afirmou. Teizen estima que um pedido inicial de US$ 20 mil poderá ser feito.
Edmilson Marcondes dos Santos, da Usmatic, indústria que produz equipamentos para irrigação, avalia estar próximo de seu objetivo, que é encontrar um parceiro para abrir uma linha de montagem no Norte da África. "Apareceram vários candidatos e amanhã (hoje) vou visitar uma fábrica local. Podemos atuar no mercado todo da África", declarou.
A Braseco, trading representada por Damaris Ávila da Costa, estabeleceu 20 contatos. "A maioria sabia o que queria e veio em busca de negócios", disse. Segundo ela, há demanda por máquinas agrícolas, produtos alimentícios e material de construção.
Igor Kaufeld, da WK, que comercializa material de construção, destacou dois contatos que podem gerar negócios. "Eles querem bastante material e gostaram dos produtos", afirmou. As mercadorias mais procuradas, segundo ele, foram mármores para pisos e painéis de madeira.
A Latinex, que vende produtos alimentícios, estabeleceu 15 contatos. "São contatos para serem trabalhados”, afirmou Eduardo Moraes, representante da empresa. As maiores demandas, de acordo com ele, foram por sucos de frutas e alimentos enlatados. Moraes acrescentou, porém, que há bastante concorrência no mercado marroquino, principalmente de produtos locais e importados da Espanha. Ele recebeu, inclusive, a visita de um representante da Unimer, empresa marroquina de grande porte que atua no ramo de pescados.
Paulo Roberto Cavalcante, da PMAN, que produz insumos para panificação, teve reunião com um brasileiro que mora no Marrocos e está interessado em ser representante da marca. Como membro do conselho da Perflex, indústria de metais sanitários, ele teve também contatos com importadores interessados em comprar torneiras.
Andréa de Freitas Melo, do consórcio Movexport, fez contato com um empresário que está montando um hotel e busca fornecedores de móveis, além de um outro que tem quatro showrooms e é um dos maiores distribuidores do Marrocos. Ela acrescentou que ambos buscam móveis de alto padrão.
"A grande maioria dos empresários acredita em possibilidades de negócios. Eles prevêem que o potencial aqui é alto, mas também que existe a necessidade de continuar trabalhando, voltar ao país, ter parceiros e participar de outros eventos", disse o vice-presidente de marketing da Câmara Árabe, Rubens Hannun, que lidera a missão. "Eles fizeram bastante contatos, o que é muito bom para conhecer o mercado local. Isso se soma às informações que já tinham", acrescentou.
Uma das queixas dos empresários sobre o mercado legal foi sobre as taxas cobradas, que podem chegar a 70% no caso de alguns produtos. Vários deles afirmaram que o Mercosul deve levar urgentemente adiante as negociações de um tratado de preferências tarifárias fixas com o Marrocos, processo que já foi iniciado. Os marroquinos mantêm com a União Européia um acordo do gênero, o que torna as mercadorias da Europa competitivas no país.
Feiras
Ontem também, Rubens Hannun visitou, acompanhado da reportagem da ANBA, a Office des Foires et Expositions de Casablanca (Ofec), entidade que promove feiras de negócios na cidade que é o principal pólo econômico do país. Ele foi recebido pelo diretor-geral da organização, Abdel-Ilah Mounib.
A intenção era verificar quais são as mostras realizadas no local que podem interessar às empresas brasileiras no futuro. Existem eventos para o público em geral e exposições setoriais, por exemplo, dos setores de equipamentos médicos e odontológicos, alimentos, produtos e equipamentos agrícolas, entre outras.
Mounib sugeriu a eventual realização de uma feira voltada só para o Brasil, que além da exposição de produtos teria apresentações culturais e de culinária. "Assim, com esse background cultural, as pessoas podem ver o Brasil de forma mais real, com animação, cultura, música, etc. E as empresas se beneficiam disso", declarou Mounib.
De acordo com o diretor da Ofec, a instituição dispõe de um espaço coberto de 20 mil metros quadrados e mais 20 mil descobertos. O faturamento da organização gira em torno de 20 milhões de dirhans marroquinos por ano e o volume de negócios realizados nos eventos pode chegar a quatro vezes este valor, segundo ele.
Hoje à tarde os empresários brasileiros seguem para a Tunísia, segunda etapa da missão.