Alexandre Rocha
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São Paulo – As exportações do Brasil para os países árabes renderam US$ 1,23 bilhão nos primeiros dois meses deste ano, um aumento de quase 35% em comparação com o mesmo período de 2007. As importações de produtos árabes, por sua vez, somaram US$ 1,37 bilhão, um crescimento de 68%. Os números são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
Os principais produtos embarcados do Brasil para a região foram carnes de frango e bovina, açúcar, minério de ferro, cereais, especialmente trigo, lácteos, bens de capital, veículos, café, alumínio e conservas alimentícias. Houve aumento das vendas de mercadorias tradicionais da pauta e de itens que antes tinham importância menor no comércio bilateral.
As exportações de carnes, por exemplo, saíram de US$ 250,6 milhões no primeiro bimestre do ano passado para US$ 428 milhões nos primeiros dois meses de 2008, sendo que o frango congelado, que substituiu o açúcar como primeiro item da pauta, teve suas exportações quase que dobradas, de US$ 106,4 milhões para US$ 197,5 milhões.
No caso do minério de ferro, as exportações renderam US$ 147,5 milhões em janeiro e fevereiro, ante US$ 73 milhões no mesmo período de 2007. Entre as mercadorias mais tradicionais, ocorreram aumentos expressivos também nos embarques de vergalhões, laminados e semimanufaturados de ferro e aço e máquinas e equipamentos.
“Isso mostra que o mercado árabe é muito superior aos níveis de exportação que tínhamos anteriormente”, disse o presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Antonio Sarkis Jr. “O Brasil está conseguindo uma fatia maior desse mercado, o que dá mais ânimo à Câmara e para quem sabe do potencial da região”, acrescentou.
Os produtos lácteos, que começam a avançar na pauta de exportação brasileira, ganharam bastante terreno também no mundo árabe. As vendas saíram de poucos menos de US$ 10 milhões no primeiro bimestre de 2007 para quase US$ 27 milhões no mesmo período deste ano.
Para André Campos, gerente comercial da Serlac, trading ligada ao laticínio Itambé, um dos maiores do país, a ampliação dos embarques de leite e derivados é um fenômeno generalizado. “As exportações brasileiras de lácteos estão crescendo exponencialmente a cada mês e estão diluídas em todo o mundo”, afirmou.
Em sua avaliação, o desempenho foi ocasionado por dois fatores: os preços altos dos produtos, especialmente na União Européia, o que levou importadores, especialmente países africanos e do Oriente Médio, a buscar fornecedores alternativos; e o trabalho de prospecção de mercados e promoção comercial feito pelas empresas do Brasil. O aumento dos preços na UE, segundo ele, foi impulsionado pela redução dos subsídios à cadeia produtiva e pelo crescimento da demanda.
Em fevereiro somente as exportações ao mundo árabe renderam US$ 606,4 milhões, um aumento de 49% em relação ao mesmo mês do ano passado.
Importações
Na seara das importações, os principais produtos comprados pelo Brasil no primeiro bimestre foram petróleo bruto, naftas, querosene de aviação, ácido fosfórico, outros fertilizantes e produtos químicos.
A importação de naftas para a indústria petroquímica, por exemplo, saiu de US$ 47,6 milhões nos dois primeiros meses do ano passado para US$ 141 milhões no mesmo período de 2008. As compras de querosene de aviação somaram US$ 136 milhões, sendo que no primeiro bimestre de 2007 elas não ocorreram.
No que diz respeito ao ácido fosfórico, as importações passaram de US$ 9 milhões em janeiro e fevereiro do ano passado para US$ 33,4 milhões nos dois primeiros meses deste ano.
Em fevereiro somente as compras de produtos árabes pelo Brasil somaram US$ 584 milhões, um crescimento de 54% em comparação com o mesmo mês de 2007.