Da Agência Sebrae
Brasília – A exportação brasileira de mel apresenta alta em 2006. De janeiro a setembro, a receita foi de U$ 17,8 milhões, 37% maior que no igual período de 2005. O desempenho favorável contraria as previsões mais pessimistas, traçadas no início deste ano, após o embargo da União Européia, que alegou descumprimento do prazo de implantação das análises a serem feitas no âmbito do Programa Nacional de Controle de Resíduos (PNCR).
O crescimento de 37% nas exportações de mel deve-se, em grande medida, ao aumento das vendas brasileiras para os Estados Unidos. De janeiro a setembro, os norte-americanos compraram US$ 11,87 milhões, 262,7% a mais que em 2005. E, com base nos dados de setembro de 2006, é possível identificar tendência ainda de alta nos negócios, já que a exportação para os Estados Unidos registrou aumento de 380% em relação a setembro de 2005, atingindo US$ 2,88 milhões.
O levantamento sobre a exportação brasileira de mel é dos consultores do Sebrae e coordenadores nacionais da Rede Apicultura Integrada Sustentável (Rede Apis), Alzira Vieira e Reginaldo Rezende. A rede atua no apoio a projetos de desenvolvimento sustentável da apicultura no Sistema Sebrae. Os dados foram consolidados a partir de informações do Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior via Internet (Alice-Web), da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Segundo Reginaldo Rezende, alguns operadores de mercado avaliam a possibilidade de o mel brasileiro estar sendo reexportado para a Europa, via Estados Unidos, o que justificaria o aumento das exportações para os norte-americanos. “Pode ser em função de que o embargo não aconteceu porque o mel brasileiro apresentou traços de antibióticos, herbicidas ou pesticidas, mas por questões relacionadas ao cronograma de análises acertado entre União Européia e Brasil. No entanto, acredito que a alta está mais relacionada à comprovada qualidade do produto nacional”, explica.
No entanto, se há ou não esse movimento de reexportação para a Europa, o que de fato importa é que o crescimento das exportações brasileiras de mel tem impacto direto na apicultura de pequeno porte, segundo avalia o coordenador nacional da Rede Apis. “A maior parte desse mel exportado é oriunda da pequena produção, que é comprada pelos entrepostos que fazem a exportação do produto, e esse aumento tem impacto direto nesse segmento”, diz Reginaldo Rezende.
Viés de alta
Se comparados os dados gerais de setembro de 2006 e setembro de 2005 novamente se identifica o viés de alta nas exportações nacionais de mel. Em setembro de 2006, a receita foi de US$ 2,95 milhões, aumento de 154,4% em relação ao mesmo mês do ano passado. O volume exportado também cresceu. Foram 1,84 mil toneladas, resultado 85,5% maior que o de setembro de 2005.
Os dados levantados pelos coordenadores nacionais da Rede Apis mostram um outro ponto positivo: a manutenção da tendência de alta tanto no volume quanto na receita com as exportações se comparados os números de setembro de 2006 com o mês de agosto deste ano. Na comparação entre os dois meses, o volume de mel exportado aumentou 16,6%. E a receita cresceu 8,5% nesse mesmo período de comparação.
Outra boa nova que os dados trouxeram à cadeia produtiva da apicultura foi o aumento no preço médio de venda. Em setembro de 2006, ele chegou a US$ 1,60 por quilo, ante US$ 1,49 por quilo em agosto de 2006. E o preço de setembro de 2006 ainda ficou muito acima do preço médio de setembro de 2005, que foi de US$ 1,17 por quilo.
A exportação por estados também foi positiva, se comparado o desempenho de janeiro a setembro de 2006 com igual período do ano anterior. Com exceção do Rio de Janeiro, todos os outros estados exportadores apresentaram aumento na receita com as vendas externas de mel.
O principal exportador foi São Paulo, com US$ 5,6 milhões, aumento de 7,8% em relação aos primeiros nove meses de 2005. Depois vieram o Ceará, com receita de 3,19 milhões, crescimento de 45,4%; Santa Catarina, com US$ 2,63 milhões, aumento de 32,5%; Piauí, com US$ 2,41 milhões, ampliação de 1,3%; Rio Grande do Sul, com US$ 2,01 milhões, elevação de 210%; e o Paraná, com US$ 1,14 milhão, aumento de 449,6%.
Ceras
Já a exportação de ceras de abelhas de janeiro a setembro de 2006 apresentou redução se comparado ao mesmo período de 2005. O valor das exportações foi da ordem de US$ 3,52 milhões, o que representou uma redução de 16%. Deste total comercializado, 63,4% foram destinados ao Japão e 36,1% à China.
A liderança na exportação foi de São Paulo, com US$ 2,4 milhões; seguido de Minas Gerais, com US$ 886,3 mil. O preço médio foi de US$ 95,34 por quilo, próximo dos US$ 94,10 por quilo praticado em igual período de 2005.