Rio de Janeiro – Apoio à exportação, tendo como item principal o financiamento, é a alternativa para que as empresas exportadoras brasileiras e latino-americanas superem a crise financeira internacional. Essa é a opinião do presidente do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal) no Brasil, Marcus Vinicius Pratini de Moraes, ex-ministro da Agricultura.
O Ceal realizará, no Rio de Janeiro, a primeira reunião do diretório central brasileiro, da qual participarão 50 representantes de 12 países. O encontro, de dois dias, começa na próxima quinta-feira (16). Para Pratini, o setor exportador é o mais afetado pela crise, na América Latina.
O objetivo do encontro, segundo Pratini, é "alinhar os pontos de vista dos diferentes países que integram o Ceal com relação às medidas corretivas para reduzir o impacto da crise financeira sobre as nossas economias. E buscar também um discurso comum na defesa dos interesses da região".
Um dos temas que estará na pauta de discussões da reunião é como aprimorar os mecanismos de financiamento das exportações e como reduzir seus custos. Pratini lembrou o apoio dado ao setor pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pelo Banco do Brasil, mas ressaltou que também é possível ampliar a participação dos bancos privados no processo. Esses bancos poderiam atuar, segundo o ex-ministro, em cooperação com as instituições públicas que tenham a mesma finalidade.
"A forma mais eficaz de se sair de um momento de estagnação ou de redução dos negócios é através do comércio internacional. A ampliação e o desenvolvimento do comércio externo são o mecanismo mais rápido para sair fora de qualquer crise econômica porque é o que mais rapidamente gera empregos, é o que movimenta a economia internamente e a economia dos outros países também", argumentou.
Segundo Pratini, a expectativa geral é que o comércio mundial deverá cair este ano entre 8% a 10%, índice considerado altíssimo por ele. Para o Brasil, sua estimativa é de que as exportações se mantenham no mesmo patamar do volume exportado no ano passado, ou até que apresentem redução em torno de 5% em função dos preços praticados no mercado internacional. No caso das importações, a expectativa é de queda entre 10% a 15%.
No ano passado, as exportações do Brasil somaram US$ 197,7 bilhões, um incremento de 23,2% em comparação ao ano anterior. Ao analisar os resultados dos últimos meses de 2008 e os resultados do primeiro trimestre de 2009, Pratini destacou que se registra uma queda muito grande nas importações e uma retração menor nas exportações.
O saldo comercial do Brasil só continua "favorável", segundo o ex-ministro, porque dois terços das exportações brasileiras são constituídos de matérias-primas (commodities). "O mundo precisa delas, sobretudo na área do agronegócio", disse. O superávit comercial brasileiro no ano passado foi de US$ 3,012 bilhões.