São Paulo – A economia global vai crescer num ritmo menor neste ano do que o previsto anteriormente devido a uma expansão desigual das economias dos países desenvolvidos, desaceleração na China e desempenhos fracos do Brasil, Rússia e Oriente Médio. A atualização do relatório Perspectivas Econômicas Globais, divulgada nesta terça-feira (19) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), prevê que a economia mundial terá expansão de 3,4% neste ano, ou 0,2% a menos do que o previsto na última edição do documento, lançada em outubro. A expectativa para 2017 é de expansão de 3,8%, também com queda de 0,2% sobre o previsto há três meses.
O FMI afirma que, de forma geral, as previsões de crescimento foram revisadas “para baixo” em 0,2 pontos percentuais em 2016 e em 2017.
“Em termos de composição por países, as revisões devem-se em grande parte ao Brasil, onde a recessão causada por incertezas políticas e as repercussões das investigações na Petrobras se mostram mais profundas e duradouras do que o imaginado; ao Oriente Médio, onde as estimativas são afetadas pelo baixo preço do petróleo; e aos Estados Unidos, onde o crescimento manterá os patamares atuais antes de ganhar força”, diz o documento.
As previsões para a economia dos EUA também foram reduzidas: tanto em 2016 como em 2017, o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano deverá crescer 2,6%. A expectativa anterior era de 2,8% para os dois anos.
O Brasil, segundo a análise do Fundo, encerrará 2016 em recessão. Seu PIB deverá encolher 3,5%. A previsão anterior era de retração de 1% para este ano. Foi o país com a maior queda entre a estimativa feita e em outubro e esta atualização. Em 2017, a economia brasileira não deverá crescer nem se retrair. Antes, o FMI previa expansão de 2,3% para o período.
Entre os países do Oriente Médio, o Fundo estima “grandes taxas de crescimento”, porém, alerta que os preços baixos do petróleo são um desafio à expansão destas economias. “Preços baixos de petróleo ameaçam a situação fiscal e pesam sobre as expectativas de crescimento, enquanto sustentam o consumo das famílias e reduzem os custos com energia e com produtos importados, especialmente nas economias avançadas, onde a queda de preços é totalmente repassada aos consumidores.”
Além da perda de receita com petróleo, o FMI alerta para instabilidades regionais e internas como desafios para as economias do Oriente Médio.
Para a região do Oriente Médio, Norte da África, Afeganistão e Paquistão o FMI prevê crescimento de 3,6% em 2016 e em 2017. A expectativa anterior era que a economia destes países cresceria 3,9% neste ano e 4,1% em 2017. A economia da Arábia Saudita, única divulgada no documento, deverá registrar expansão de 1,2% neste ano e de 1,9% no ano que vem, com queda de 1% em relação à última previsão nos dois casos.
O documento recomenda que países desenvolvidos busquem crescer ao investir em capital produtivo, com foco no fortalecimento do mercado de trabalho e na geração de empregos. Já as nações emergentes, que têm tido maior dificuldade em retomar seu crescimento, o Fundo recomenda reduzir gastos públicos, aumentar as receitas de setores independentes das commodities, e promover reformas e investimentos que reduzam os gargalos de infraestrutura e tornem o ambiente de negócios mais “amigável” à inovação.