São Paulo – O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou esta semana que irá ajudar o Egito a reduzir a inflação, que em fevereiro ultrapassou a marca de 30% ao ano. “O FMI está trabalhando para ajudar o governo e o Banco Central a controlar a inflação e apoia as medidas que as autoridades egípcias estão tomando para proteger seus cidadãos mais pobres a mais vulneráveis”, disse a diretora-gerente do Fundo, Christine Lagarde, em nota da instituição divulgada após reunião que ela teve com o presidente do país, Abdel Fattah El Sisi, na quarta-feira (05).
Lagarde não detalhou, porém, como será esta ajuda. Na quinta-feira (06), o diretor do Departamento de Comunicação do FMI, Gerry Rice, afirmou que a instituição vai discutir com o Banco Central e com o governo do Egito como se beneficiar das restrições orçamentárias do país e de uma política monetária mais rigorosa para conter a demanda e, assim, reduzir a inflação.
Os índices de preços no Egito começaram a subir significativamente depois de outubro do ano passado, quando a inflação anualizada estava em torno de 14%. Em novembro, o Banco Central flexibilizou o regime de câmbio, seguindo recomendação do próprio FMI, e a desvalorização da libra egípcia que se seguiu é um dos principais fatores de pressão inflacionária. Outros fatores são a introdução de um Imposto sobre Valor Agregado (IVA) e a retirada de subsídios sobre os combustíveis, medidas também recomendadas pelo Fundo.
Em relatório divulgado em janeiro, o FMI previa que a pressão inflacionária exercida por estas medidas se dissiparia com o tempo e que no ano fiscal 2016/2017 a inflação ficaria em 18%. A meta é reduzir o índice para um dígito no prazo de três anos.
Em seu último relatório de política monetária, o Banco Central do Egito reconhece que, apesar de a inflação anual ter superado os 30% em fevereiro, o índice de variação de preços no mês isoladamente caiu para 2,6%, contra uma média de 4% nos três meses anteriores.
O banco cita outros fatores que também pressionam a inflação, como aumento de tarifas alfandegárias, redução na oferta de commodities como arroz a açúcar, o que eleva as cotações, e “efeitos sazonais que impactaram os preços de frutas e vegetais frescos em fevereiro de 2017”.
Segundo a instituição, mais da metade dos itens da cesta de produtos que compõem o índice de inflação tiveram aumento de preço em novembro, quando da desvalorização da libra. Em fevereiro, apenas 19% dos itens registraram aumento. Nesse sentido, o Banco Central reconhece que os efeitos da desvalorização estão diminuindo.
O Egito fechou um acordo com o FMI para ter acesso a US$ 12 bilhões em crédito, frente a um quadro de escassez de divisas no país, daí a adoção de medidas recomendadas pelo Fundo.
“O Egito está implementando um forte programa de reformas econômicas para ajudar a economia a retomar seu potencial total, crescer mais e criar mais empregos”, afirmou Lagarde. “Nós reconhecemos os sacrifícios feitos e as dificuldades enfrentadas por muitos cidadãos egípcios, especialmente por causa da alta inflação”, acrescentou.