São Paulo – A Bienal Internacional de Teatro da Universidade de São Paulo (USP) começou nesta quinta-feira (31) na capital paulista e terá na sua programação três peças de teatro árabes. As montagens vieram do Líbano, Cisjordânia e Tunísia, sendo que a apresentação libanesa abriu os espetáculos. Também há peças do Brasil, Argentina, Eslovênia e Croácia. A bienal seguirá até o dia 15 de dezembro e terá outras atrações, além do teatro.
Do Líbano a peça que participa é "66 Minutes in Damascus". A proposta é bastante inovadora e comporta apenas oito pessoas por seção no público. Ela coloca a plateia no lugar de um grupo de turistas que visita a capital síria, Damasco, e é preso. O nome da montagem se refere ao seu tempo de duração, que é 66 minutos. Ela será apresentada em inglês e árabe e, além desta quinta-feira, poderá ser vista nos dias 01, 02 e 03 de novembro no Teatro da USP.
A peça foi escrita e é dirigida pelo libanês Lucien Bourjeily especialmente para o Festival de Londres do ano passado. O texto se baseia em descrições feitas por jornalistas e ativistas que já foram presos na Síria. O autor recebeu o prêmio de melhor diretor por seu filme de estreia, Taht El Aaricha, no Festival Internacional de Filmes de Beirute, em 2008, e o Prêmio Internacionalyce de Artes Cênicas, em 2009, por seu foco inovador.
Da Cisjordânia a montagem é "The Island", encenada por The Freedom Theatre, grupo de teatro comunitário que fica em um campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia. A peça é uma adaptação de uma história real que se passa na África do Sul na época do apartheid e fala da experiência dos presos políticos palestinos. Ela será apresentada em árabe, mas terá legendas em português. Os espetáculos ocorrem nos dias 06, 07 e 08 de dezembro no Teatro da USP e são voltados para maiores de 18 anos.
O objetivo do The Freedom Theatre é capacitar jovens e mulheres da comunidade a explorar o potencial das artes como combustível para mudanças sociais. Ele foi criado no final da década de 80 e executado por uma revolucionária judia, Arna Mer-Khamis, que trabalhou pelos direitos humanos na Palestina ocupada. Seu filho, Juliano Mer-Khamis, co-fundador e diretor geral do grupo de teatro, foi assassinado há dois anos por um desconhecido.
A outra peça árabe que estará na USP é Macbeth: Leila & Bem – A Bloody History, da Tunísia. Ela combina ficção de Shakespeare com um trabalho documental para questionar a política do mundo árabe moderno. O espetáculo é uma adaptação livre e contemporânea do grupo tunisiano Artistes Producteurs Associés (apa) e do seu diretor Lofti Achour. Eles participaram do World Shakespeare Festival no ano passado. A peça será apresentada em árabe, com legendas em português, nos dias 12,14 e 15 de dezembro, no Sesc Consolação.
Além das peças teatrais, haverá programação paralela com palestras, discussões e workshops, na USP e em outros locais da cidade como Funarte, Sesc Consolação, Centro da Cultura Judaica e Tenda Cultural Ortega & Gasset, onde também serão apresentados alguns espetáculos. Nestes eventos está prevista a participação dos grupos árabes e seus diretores (consulte programação completa no site), inclusive com exibição de filmes longa e curta-metragens sobres os envolvidos nos projetos.
O tema da mostra é Realidades Incendiárias e pretende mostrar as recentes mobilizações mundiais. Segundo informações divulgadas pela organização, o tema é inspirado no mito de Prometeu, titã imortal que rouba o fogo dos deuses para presentear os homens, ensinando a eles as artes da civilização e os meios para a sobrevivência.A idealização e coordenação geral é de Celso Frateschi. A curadoria é de Deise Abreu Pacheco, Ferdinando Martins, Maria Tendlau e René Piazentin.
Serviço:
Bienal Internacional de Teatro da USP – Realidades Incendiárias
De 31 de outubro a 15 de dezembro de 2013
Informações: tuspmkt@usp.br. Tel. (11) 3123-5233
Programação: http://www.usp.br/bienaldeteatro/2013/