Alexandre Rocha
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São Paulo – O Banco ABC Brasil, controlado pelo Arab Banking Corporation, com sede no Bahrein, teve um lucro líquido de R$ 38 milhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 106,4% em comparação com o mesmo período de 2007, de acordo com relatório trimestral divulgado pela instituição.
“O resultado reflete basicamente nossas operações de crédito, de empréstimos para o segmento corporativo, pois continuamos muito focados nessa área”, disse à ANBA o gerente de relações com investidores do banco, Alexandre Sinzato. A carteira de crédito do ABC chegou a R$ 5,78 bilhões nos primeiros três meses de 2008, um aumento de 80,9% em relação ao mesmo período do ano passado e de 15,8% sobre o quarto trimestre de 2007.
“Além disso, houve um crescimento bom das operações de crédito consignado, mas como ele ocorreu sobre uma base de comparação pequena, a participação delas ainda baixa”, acrescentou Sinzato. Além dos empréstimos para empresas de médio e grande porte, o banco atua também na área de crédito consignado para funcionários públicos e aposentados.
As modalidades de crédito com as quais o banco mais trabalha são de empréstimos para capital de giro, financiamento para exportações e importações, inclusive com a realização de contratos de acordo com o sistema financeiro islâmico, e operações de investimentos com repasses de recursos de terceiros, especialmente do Banco Nacional de desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O lucro nos três primeiros meses do ano, no entanto, foi menor do que o registrado no último trimestre de 2007. Isso ocorreu, segundo o banco, por causa da distribuição de juros sobre o capital próprio referente ao ano passado ocorrida no período.
Houve também redução da rentabilidade do banco. O retorno sobre o patrimônio líquido médio do banco foi de 13,9% no primeiro trimestre de 2008, ante 18,6% nos últimos três meses de 2007 e de 16,4% no período de janeiro a março do ano passado.
De acordo com Sinzato, isso ocorreu em primeiro lugar por causa das operações do banco no mercado de capitais, que deram prejuízo no início do ano. Além disso, os números ainda não refletem o valor agregado aos negócios do banco pelo aumento da carteira de crédito, o que deve ocorrer ao longo do ano. Da mesma forma, e principalmente após o Brasil ter sido elevado a “investment grade” pela agência Standard & Poor’s, o executivo acredita em uma retomada dos ganhos no mercado de capitais.
Segundo ele, o “grau de investimento” veio num momento em que a economia já estava num ciclo forte de investimentos, tanto internos como externos, mas com preocupações sobre o impacto da crise financeira nos Estados Unidos. “O ‘investment grade’ é um fator de impulso para que o prejuízo a esse ciclo virtuoso não ocorra. Ele é positivo para a economia como um todo, e o crédito deve continuar forte”, declarou.
Ainda durante o primeiro trimestre, o banco abriu escritórios no Rio de Janeiro e Santa Catarina para captar clientes de médio porte, ou seja, empresas com faturamento anual entre R$ 30 milhões e R$ 250 milhões. A instituição já tinha instalações em São Paulo, Campinas e Belo Horizonte.