São Paulo – O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai falar sobre cooperação entre o Brasil e a África na 17ª Cúpula da União Africana, que ocorre esta semana em Malabo, na Guiné Equatorial. Segundo sua assessoria de imprensa, Lula fará uma intervenção na sexta-feira (01). O evento tem como tema "O fortalecimento da juventude para o desenvolvimento sustentável".
Ao deixar a Presidência, Lula tornou pública sua intenção de trabalhar para o desenvolvimento do continente africano e pela erradicação da pobreza e da fome. De acordo com sua assessoria, a participação dele no encontro se insere nesses objetivos.
Nesse sentido, o ex-presidente pretende expor o potencial que ele vê na cooperação entre o Brasil e a África, numa integração que traga benefícios mútuos. Ele já vinha atuando nessa direção durante seu governo, que teve como uma das prioridades em política externa a aproximação brasileira com outros países em desenvolvimento, em especial os da África e do Oriente Médio.
Em 2009, ainda como presidente, Lula participou como convidado da 13ª Cúpula da União Africana, em Sirte, na Líbia. Na época, ele disse que o Brasil gostaria de auxiliar a África “a realizar sua própria revolução verde”, ou seja, a ampliar de forma significativa a produção de alimentos no continente. Várias ações de cooperação foram lançadas durante seu governo, inclusive a instalação de um escritório da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em Gana.
Além do diálogo Brasil-África, o ex-presidente pretende falar sobre a eleição, no último domingo, do brasileiro José Graziano da Silva como novo diretor geral da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). Graziano foi ministro no primeiro dos dois mandatos de Lula e, posteriormente, foi indicado pelo governo para ser representante do Brasil na entidade sediada em Roma.
Delegação
O ex-presidente foi convidado por sua sucessora, a presidente Dilma Rousseff, para liderar a delegação brasileira que participará como observadora na cúpula africana. Além dele, integram o grupo o embaixador Paulo Cordeiro, subsecretário-geral de assuntos para a África e Oriente Médio do Itamaraty, e as embaixadoras brasileiras em Malabo e em Adis Abeba, na Etiópia. A sede da União Africana fica na capital etíope.
De acordo com informações do Itamaraty, além de apresentar possibilidades de intercâmbio em áreas que domina, o Brasil pode aprender também com experiências da União Africana. Um exemplo é o da área de segurança, pois a instituição africana tem um Conselho de Segurança que intervém em conflitos regionais. Nesse segmento, segundo o Itamaraty, a articulação entre os países da África é mais desenvolvida do que no âmbito da Unasul, comunidade que reúne nações sul-americanas.
A União Africana escolheu o fortalecimento da juventude como tema justamente no momento em que a chamada “Primavera Árabe” atinge países da região norte do continente, como o Egito, Tunísia e a Líbia. Os protestos populares, que resultaram nas quedas dos ditadores egípcio e tunisiano e na deflagração de um conflito civil na Líbia, tiveram origem nas manifestações de jovens insatisfeitos.
Depois da reunião na Guiné Equatorial, Lula vai visitar Angola e, em breve, ele pretende ir ao Egito e à Tunísia.