São Paulo – Uma pesquisa do Ministério das Relações Exteriores mostra que existem atualmente 20.622 brasileiros vivendo em países árabes. Os números, que ainda não são conclusivos e serão revisados até setembro, foram levantados em consulados e embaixadas brasileiras em 2010. Segundo a apuração, há no total 3,1 milhões de brasileiros morando fora do País, quase a metade – 1,38 milhão – nos Estados Unidos.
No mundo árabe estão 0,66% dos brasileiros que vivem fora do Brasil. A maior parte – 19.975 pessoas – está no Oriente Médio. O país árabe que mais têm brasileiros é o Líbano, onde estão 7,3 mil pessoas daqui, seguido pela Palestina, com 4 mil, pela Síria, com 3,09 mil, Emirados Árabes Unidos, com 2,3 mil expatriados brasileiros, Jordânia com 1,3 mil, Catar, com 670 pessoas, e Kuwait, com 650 brasileiros. Ainda há, na região, 500 brasileiros na Arábia Saudita, 150 em Omã e 15 no Iraque.
Nos países árabes da África há um menor volume de brasileiros, de acordo com o levantamento. São 647 pessoas. A maioria está no Egito: 350. O segundo país árabe africano onde mais vivem brasileiros é o Marrocos, com 151, seguido pela Argélia, com 71, a Tunísia, com 50 pessoas, o Sudão, com 24, e a Líbia, com um brasileiro. Apenas não há registro de brasileiros nos países árabes Bahrein, Djibuti, Iêmen, Ilhas Comores, Mauritânia e Somália. No total existem 22 países árabes.
De acordo com o professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), Oswaldo Truzzi, especialista em temas de imigração, a grande presença brasileira no Líbano reflete o fato de que o Brasil ter a maior colônia libanesa fora do país árabe, além da facilidade atual de ir e vir, morar um tempo aqui, um tempo lá. Ele explica que muitos libaneses se mudaram para o Brasil e depois retornaram, levando seus filhos. O mesmo, explica ele, ocorreu com a Palestina, que é o segundo país árabe em número de brasileiros.
Truzzi fez um trabalho recente sobre os muçulmanos no Brasil e verificou, por exemplo, que eles gostam do Brasil em todos os aspectos, menos para criar os filhos na religião. "Eles acham o país muito permissivo", explica. Por isso, alguns se estabeleceram no Brasil para abrir suas lojas, fazer dinheiro, e retornaram quando os filhos estavam na pré-adolescência e adolescência. "Idade em que podem se desvirtuar, sair da religião e idade que decidem sobre casamento", relata o pesquisador. Ocorreu um fluxo migratório muçulmano do Líbano para o Brasil durante a Guerra Civil.
Mais pesquisa
Os dados da pesquisa são usados pelo governo brasileiro para definir suas políticas públicas e formas de atendimento aos cidadãos que vivem no exterior. O levantamento mostra que a região onde mais há brasileiros é América do Norte, com 1,43 milhão. A Europa está em segundo lugar no ranking, com 911,8 mil pessoas, a América do Sul em terceiro, com 406,9 mil, a Ásia em quarto, com 282,1 mil, a Oceania em quinto, com 53 mil, a África em sexto, com 28,8 mil, e a América Central em sétimo, com 6,8 mil brasileiros.
Truzzi comenta que apesar de os números serem de 2010 eles não refletem a ida de pessoas para outros países no ano passado, mas são fotografia de um movimento acumulado ao longo dos anos. Por isso, Estados Unidos e Japão estão no primeiro e segundo lugar do ranking. "A partir dos anos 80 o Brasil deixou de ser o país da imigração e passou a ser o país da emigração", diz o professor. A época era de dificuldades econômicas e os brasileiros saíram em busca de melhores oportunidades.
Os EUA, neste contexto, eram, no imaginário popular, o lugar onde as pessoas podiam ficar ricas trabalhando. No Japão, em crescimento, houve a política do próprio governo de atrair mão-de-obra qualificada para o país e incentivar a vinda ao país dos nisseis. A pesquisa do Itamaraty não traz dados comparativos, mas, de acordo com Truzzi, a tendência é que o fluxo diminua em função da melhoria na situação econômica do Brasil e das dificuldades enfrentadas pelos Estados Unidos e Europa.