São Paulo – Um grupo de empresários de Dubai está em São Paulo para conhecer o mercado brasileiro e analisar as possibilidades de estabelecer suas companhias no país. A missão, liderada por Saed Al Awadi, CEO da Dubai Export Development Corporation (EDC), órgão de promoção de exportações do emirado, participou de uma reunião sobre o assunto na manhã desta segunda-feira (13), na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, onde foi recebida pelo CEO da entidade, Michel Alaby.
"O objetivo desta visita é trazer as empresas dos Emirados para dentro da América do Sul", destacou Al Awadi. "Viemos conhecer as oportunidades, estudar o mercado e também [analisar a possibilidade] de estabelecer escritórios ou empresas para toda a região", completou. A missão dos Emirados Árabes reúne cerca de 20 empresas de produtos e serviços, como bancos, construtoras, escritórios de advogados, indústria de alimentos, entre outros. É a segunda vez que a EDC lidera a vinda de um grupo do país do Golfo ao Brasil. A primeira ocorreu em 2010.
Assuntos como os principais setores da indústria brasileira, o PIB do país, seu potencial turístico e os requerimentos burocráticos para a instalação de empresas estrangeiras no Brasil foram os principais temas da reunião. O advogado e presidente do Instituto Brasileiro de Negócios Públicos, Luiz Gustavo Fraxino, participou do evento, apresentando os procedimentos necessários ao estabelecimento de empresas estrangeiras no país, além da carga de impostos incidentes sobre os negócios. Já Michel Alaby ofereceu o suporte da Câmara Árabe para os empresários que necessitarem de ajuda para o processo.
Abdul Rasheed, gerente de vendas da Taghleef Industries, empresa fabricante de filmes plásticos para a indústria de transformação, conta que sua empresa já exporta há quatro anos para o Brasil. "Trabalhamos com empresas como Pepsico, Coca-Cola, Unilever e Kraft Foods", revela. De acordo com o executivo, sua empresa já vendeu cinco mil toneladas métricas de filmes plásticos para o Brasil desde o início dos negócios com o país. Ele acredita que a instalação de uma fábrica no país pode aumentar ainda mais os negócios na região. "O potencial é muito grande porque fazemos um produto especializado, que nossos competidores locais não fazem. Produzindo aqui, também podemos exportar para países como Argentina, Chile e até Estados Unidos", aponta.
Taher Kidwani, diretor-administrativo do banco de islâmico de investimentos Yusr, acredita que a implantação de um banco islâmico no Brasil poderá beneficiar as exportações das empresas locais. Segundo o executivo, o fato dos bancos islâmicos não cobrarem juros irá beneficiar as companhias exportadoras na hora de conseguirem financiamentos de longo prazo. "A sharia (lei islâmica) permite que se faça um contrato para cada caso, para atender aos requerimentos de cada negócio específico", explicou.
"Quando um banco brasileiro vai fazer captação de recursos de um fundo islâmico, há uma série de requerimentos que precisam ser preenchidos por parte da instituição brasileira", conta Sidney Costa, gerente do Centro de Negócios da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Dubai, que acompanha a missão. De olho neste nicho de mercado, a agência decidiu realizar, ainda este ano, um seminário para esclarecer aos empresários brasileiros o funcionamento do sistema financeiro islâmico.
Segundo Costa, há diversas ações sendo realizadas para promover a atração de investimentos estrangeiros do Oriente Médio para o Brasil. Além de uma missão comercial à região, promovida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, que ocorrerá em outubro, o gerente revela ainda que existem ações voltadas a atração de recursos em mercados como Emirados Árabes, Arábia Saudita, Catar e Kuwait. Na tarde de hoje e também amanhã pela manhã, os empresários de Dubai participam de rodadas de negócios com empresas brasileiras na sede da Câmara Árabe.