Isaura Daniel
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São Paulo – As lideranças empresariais do mundo árabe querem que a região direcione seus esforços de comércio para países do sudeste asiático, como a China, e latino-americanos, principalmente Brasil e Argentina. O tema foi abordado ontem (02) no 39º Congresso de Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes, que segue até hoje (03) em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. A informação é do secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, que participa do encontro.
O comércio exterior dos países árabes, segundo discussões do congresso, atualmente está muito concentrado nos Estados Unidos e na Europa. De acordo com informações divulgadas durante um dos painéis do encontro, feito pelo secretário-geral da Câmara de Comércio e Indústria de Damman, na Arábia Saudita, Mohamed Ibrahim, e pelo secretário-geral do Conselho das Câmaras de Comércio e Indústria do país árabe, Fahd Al Sultan, os Estados Unidos e a Europa respondem por 70% do comércio exterior saudita.
O comércio da Arábia Saudita com os demais países árabes responde, por exemplo, a apenas 6,5% do total. As lideranças empresariais pediram que os países continuem reduzindo os impostos de importação para incentivar o comércio entre as diferentes nações da região. O volume de comércio exterior do mundo árabe ficou em US$ 900 bilhões em 2006, dos quais 10% responderam por intercâmbio entre os países da região. A ministra da Economia e Finanças dos Emirados, Lubna Al Qasimi, que fez a abertura do encontro, falou sobre a importância de fortalecer o intercâmbio econômico regional.
A abertura econômica do mundo árabe também foi um tema amplamente discutido no congresso, que no seu primeiro dia reuniu, de acordo com Alaby, ao redor de 150 representantes de câmaras árabes. Os países árabes estão promovendo uma série de privatizações e incentivando a atuação do setor privado. Essa abertura econômica, segundo o presidente da União Geral das Câmaras de Comércio, Indústria e Agricultura dos Países Árabes, Adnam Kassar, deve promover a eficiência e a melhoria da produção local. Lubna também lembrou que o processo deve incentivar os investimentos estrangeiros.
A ministra dos Emirados falou que a economia de seu país deve crescer 10% em 2007. O setor empresarial, segundo Lubna, tem presença constante nos negócios no país e trabalha com apoio do governo, que concede incentivos e financiamento para construção de obras e projetos de infra-estrutura. A menor presença do estado na economia local, com o aumento das privatizações, foi um dos apelos das lideranças que estiveram no encontro. O presidente da Federação das Câmaras de Comércio e Indústria da Síria, Rateb Challal, falou sobre o processo de abertura econômica da Síria.
De acordo com Alaby, Challal afirmou que a Síria já fez uma série de ações nesse processo, como a permissão da abertura de bancos estrangeiros e a redução de impostos de importação de alguns produtos. O presidente da entidade síria afirmou que seu país vai reduzir ainda mais impostos de importação até o final do ano e também retirar a proibição de importação de alguns tipos de produtos. De acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, se essa proibição englobar bens alimentícios, poderá favorecer o Brasil.