São Paulo – A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) lançou nesta quarta-feira (20) o relatório Energias Renováveis no Oriente Médio e Norte da África: políticas de apoio ao investimento privado, que trata do desenvolvimento do setor na região, das oportunidades de crescimento, dos impactos positivos na economia e na geração de empregos e das estratégias que os governos podem adotar para atrair os investidores.
Para a organização, que reúne algumas das maiores economias do mundo, o desenvolvimento do setor pode impulsionar o crescimento econômico árabe por meio da atração de investimentos, criação de empregos, aumento da disponibilidade de energia e transferência de tecnologia.
Segundo a OCDE, o consumo de energia na região avança em média 5% ao ano por causa do contínuo aumento da população. Embora uma parte considerável dos países árabes seja grande produtora e exportadora de petróleo, gás e derivados, a organização observa que o modelo utilizado nos mercados internos, de fornecimento de combustíveis fósseis subsidiados, "é inadequado para atender a demanda crescente por energia, apoiar a criação de empregos e o crescimento".
A organização destaca que o potencial de geração de energia solar e eólica na região é um dos mais altos do mundo, mas a participação das fontes renováveis na matriz energética local é de apenas 4%. De acordo com o levantamento, porém, usinas solares poderiam gerar o equivalente a 100 vezes as necessidades de consumo do Oriente Médio e Norte da África e da Europa, abrindo assim oportunidades de exportação.
Alguns projetos do gênero já existem no Norte da África, como no Marrocos, e a Tunísia também pretende aproveitar oportunidades de exportação de energia solar para a Europa. No Golfo há algumas iniciativas pioneiras, como a Masdar, dos Emirados Árabes Unidos, que investe em empreendimentos do setor, como a usina Shams 1, inaugurada no último final de semana, e o desenvolvimento de uma cidade sustentável em Abu Dhabi.
Na seara do trabalho, a OCDE afirma que o ramo de fontes renováveis é mais intensivo em mão de obra e utiliza uma gama mais diversificada de profissionais do que a geração tradicional de energia. Uma usina solar, segundo a publicação, usa sete vezes mais mão de obra do que uma termelétrica movida a carvão, por exemplo.
Outros benefícios, de acordo com o levantamento, incluem a transferência de tecnologias, a expansão da rede para áreas rurais ou menos desenvolvidas e maior inclusão social.
A organização conclui que a atração de investimentos privados ao setor exige a adoção de políticas bem definidas pelos governos, como um marco regulatório sólido e transparente, a facilitação da integração dos produtores de energias renováveis à rede, a definição de uma estratégia nacional com metas a serem atingidas e a correta alocação de incentivos.