São Paulo – A Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) prevê uma aceleração modesta da economia mundial em 2018, para 3,6%, ante estimativa de 3,3% para este ano, segundo o relatório Interim Economic Outlook, divulgado nesta terça-feira (07) pela instituição multilateral com sede em Paris. A entidade manteve as projeções do levantamento anterior, apresentado em novembro de 2016.
A OCDE destaca, porém, que existem ameaças a esta aceleração, como o protecionismo, vulnerabilidades financeiras, volatilidade decorrente de políticas de juros divergentes e eventual descolamento da valorização do mercado em relação à economia real.
Segundo a organização, a melhora esperada reflete políticas fiscais e estruturais adotadas ou que serão implementadas pelas economias mais importantes, especialmente China, Canadá e Estados Unidos, e uma política econômica mais expansionista na Zona do Euro. A OCDE diz, no entanto, que as medidas europeias podiam ser mais ambiciosas. “Estas políticas são necessárias para catalisar a demanda privada para impulsionar a atividade global e reduzir desigualdades”, afirmou a instituição em comunicado.
Mesmo com a expectativa de aceleração em 2017 e 2018 – em 2016 o PIB (Produto Interno Bruto) mundial avançou 3%, segundo a OCDE –, a entidade alerta que as taxa de crescimento previstas ainda estão abaixo do ideal e há grande desigualdade, o que demanda ações para incentivar o crescimento inclusivo.
“O crescimento ainda está muito fraco e seus benefícios muito restritos para realmente fazer alguma diferença para aqueles que foram gravemente atingidos pela crise e que estão sendo deixados para trás”, disse o secretário-geral da OCDE, Angel Gurría, segundo a nota da entidade. “Agora, mais do que nunca, os governos precisam adotar medidas que restaurem a confiança das pessoas e ao mesmo tempo resistam a se voltar para dentro ou voltar atrás em muitos dos avanços conquistados por meio de uma maior cooperação internacional”, acrescentou.
No caso do Brasil, a OCDE prevê crescimento zero este ano, a mesma projeção de novembro. Para 2018, a expectativa é de um avanço de 1,5%, ou seja, 0,3 ponto percentual acima da estimativa apresentada em novembro. Também nesta terça-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o PIB brasileiro recuou 3,6% em 2016. A OCDE avalia a que valorização das commodities e o recuo da inflação estão ajudando o Brasil e a Rússia a saírem de profundas recessões.
“A retomada do crescimento em países que estão adotando políticas fiscais é muito bem-vinda, mas nós não podemos ignorar o perigo desta recuperação sair dos trilhos por políticas erradas, ou riscos fiscais e vulnerabilidades”, declarou a economista chefe da OCDE, Catherine L. Mann, de acordo com o comunicado. “Ações coerentes e comprometidas são necessárias para, ao mesmo tempo, ampliar as taxas de crescimento e melhorar a inclusão”, destacou.