Alexandre Rocha
São Paulo – A Construtora Norberto Odebrecht começou a construir no segundo trimestre deste ano um novo terminal marítimo no porto de Djibuti, capital do pequeno país árabe de mesmo nome, localizado na região nordeste da África na entrada do Mar Vermelho. Trata-se da primeira obra da companhia brasileira em um país árabe e é resultado de um contrato com a Dubai Ports International (DPI), empresa que pertence à estatal Companhia de Portos, Alfândegas e Zonas Francas (PCFC, da sigla em inglês) de Dubai, nos Emirados Árabes Unidos.
Segundo informações da empresa, o terminal, que deve estar pronto até o final de 2005, servirá para o embarque e desembarque de granéis líquidos (petróleo e derivados principalmente) e vai contar com duas plataformas. A primeira delas terá 68,5 metros de comprimento por 15 de largura e capacidade para receber navios de até 80 mil toneladas. A outra terá 56 metros de comprimento e 15 de largura e poderá ser utilizada por embarcações de até 30 mil toneladas.
A Odebrecht vai construir também uma ponte de acesso de 197,5 metros para ligar o continente às plataformas e uma outra ponte, de 74 metros, para conectar as duas plataformas. Além disso, a empresa instalará quatro "dolphins" de atracação, estruturas onde os navios podem atracar para esperar sua vez de carregar ou descarregar, e um "enrocamento de acesso" com um quilômetro de extensão, espécie de barreira que protege o terminal da ação das correntes marítimas e vai abrigar uma estrada de manutenção e tubulações.
Segundo informações da Emirates News Agency, neste projeto serão investidos US$ 30 milhões pela DPI, que administra o porto de Djibuti desde o ano 2000. Mas os projetos não vão parar por aí. De acordo com o jornal Khaleej Times, dos Emirados, a PCFC planeja investir outros US$ 300 milhões na construção de um novo terminal de contêineres. Em junho, foi inaugurada no local, pelas autoridades do Djibuti e executivos da PCFC, uma zona franca semelhante às que já existem nos Emirados, como a de Jebel Ali, em Dubai.
Embora seja um país pobre e tenha poucos recursos naturais, o Djibuti tem uma localização estratégica no chamado "Chifre da África", entre o Mar Vermelho e Golfo de Áden no Oceano Índico. Segundo o Khaleej Times, o local é considerado uma "entrada ideal" para o continente africano e espera-se um desenvolvimento rápido da nova zona franca nos próximos anos.
Escritório nos Emirados
A Odebrecht abriu um escritório em Dubai no ano passado com o objetivo de buscar clientes na região e o contrato com a DPI foi fechado já no início deste ano. A obra é supervisionada por um "diretor de contrato" que conta com uma equipe de seis pessoas, todos brasileiros. A mão-de-obra, no entanto, é local.
A Odebrecht é a maior construtora do Brasil e hoje está presente em 16 países. Entre os principais mercados, segundo a companhia, estão os Estados Unidos, Portugal, Venezuela e Peru. No ano passado, a empresa faturou R$ 4,6 bilhões, sendo que 81% desse valor foi obtido com suas operações internacionais (US$ 1,28 bilhão na cotação da época).
A companhia, que foi fundada há 60 anos e há 25 opera no exterior, empregava 20,6 mil pessoas em 2003, sendo 6.250 no exterior.
O faturamento da Odebrecht é maior do que o Produto Interno Bruto (PIB) do Djibuti (US$ 630,16 milhões em 2003). O país, a última colônia francesa na África a se tornar independente, tem uma população de 700 mil pessoas e a atividade portuária é o principal setor de sua economia.