São Paulo – Seja bem-vindo a uma trama de amores derramados, mistério, intrigas e jogos de poder. No centro, uma família de origem libanesa, os Hayalla. Desde o dia 12 de julho, quando a minissérie baseada na novela homônima de Janete Clair entrou no ar, os árabes de O Astro estão entre as principais estrelas do horário das 23h na Rede Globo. Na história, foi o assassinato do patriarca da família, aliás, que parou o país em 1978: quem matou Salomão Hayalla? No que depender de Alcides Nogueira e Geraldo Carneiro, responsáveis pela releitura de O Astro, o suspense ainda vai mexer muito com a curiosidade dos telespectadores até outubro, quando a produção chegará ao fim.
De acordo com o membro da Academia de Artes e Ciências da Televisão de Nova York e autor de A Hollywood Brasileira – Panorama da Telenovela no Brasil, Mauro Alencar, Janete Clair fez um retrato dos libaneses, origem da família Hayalla, muito fiel às tradições e costumes da comunidade. "O personagem Salomão Hayalla, chefe do clã, é descrito como um homem honesto, trabalhador e com tino para o comércio", afirma. "Curiosamente, o pai de Janete Clair, Salim Emmer, era de origem libanesa", explica.
Na sinopse da novela divulgada pela Globo, Salomão Hayalla é um "imigrante libanês que fez fortuna graças ao seu trabalho incansável", sendo um homem "duro, seco, muitas vezes áspero, mas que faz questão de prezar os valores éticos". Empresário, Salomão fundou o Grupo Hayalla, formado por uma rede de supermercados, entre outros negócios. Na primeira versão da trama, o personagem foi interpretado pelo ator Dionísio Azevedo. Agora, o papel ficou com Daniel Filho. "O Salomão de Dionísio Azevedo tinha um comportamento mais rude e, ao mesmo tempo, mais bonachão", diz Alencar. "Daniel Filho atualizou o personagem com características de um executivo do século 21, mas sem perder o lado afetivo e humano do empresário", explica.
Salomão é, aliás, o personagem predileto em O Astro do especialista em novelas. "Aprecio muito os empreendedores criados por Janete Clair: homens determinados, lutadores, chefes de família que construíram impérios econômicos com o suor do rosto", afirma. "São figuras que acompanham o crescimento econômico e social do Brasil".
Além do patriarca, estão no centro do núcleo Hayalla os irmãos Samir (interpretado agora por Marco Ricca), Youssef (José Rubens Chachá) e Amin (Tato Gabus), Clô (Regina Duarte), a mulher de Salomão, e Márcio (Thiago Fragoso), o filho do empresário assassinado.
Mais detalhes
Quanto ao registro geral do cotidiano de uma família de origem árabe, segundo Alencar, na segunda versão da novela há uma preocupação maior com os detalhes a respeito dos costumes. "O texto original tinha como centro o registro do sentimento do imigrante libanês na luta para conseguir se destacar em um país estrangeiro", explica Alencar. "Já os autores atuais têm a preocupação de enfocar, de maneira mais detalhada, os costumes da comunidade libanesa dentro da família Hayalla".
O clima árabe de O Astro é reforçado ainda nos cenários. Segundo informações divulgadas pela emissora, os diretores Roberto Talma e Mauro Mendonça Filho pediram realismo à produção de arte da novela, o que incluiu até workshop sobre a cultura libanesa. Na mansão dos Hayalla, por exemplo, não faltam detalhes em dourado, pratarias de tirar o fôlego e decoração forrada em vermelho, com arranjos de flores e objetos que remetem às tradições das Arábias.
Isso além da inclusão de toques como a apresentação de números de dança do ventre nas recepções mais suntuosas reunindo os astros das 23h na trama de Janete Clair.