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Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos) – Os Emirados Árabes Unidos e os outros países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, da sigla em inglês), que inclui o Bahrein, Kuwait, Catar, Omã e Arábia Saudita, precisam reduzir sua dependência nas exportações de recursos naturais, principalmente de petróleo, para tornar o comércio exterior uma fonte de crescimento econômico sustentável. A análise faz parte da edição de outubro do Relatório Econômico, publicação trimestral do Banco Nacional de Dubai.
Os índices de concentração da pauta de exportações nos países do GCC estão entre os mais altos em termos regionais e mundiais. Apesar do índice médio de concentração entre os integrantes do bloco ter diminuído de 0,863 em 1980 para 0,738 em 1995, ele continua alto para os padrões internacionais. Tais números são calculados pela Conferência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad). Um valor mais próximo a zero significa uma pauta mais diversificada, e vice-versa.
No Kuwait, por exemplo, o nível de concentração é de 0,94 e nos Emirados de 0,619. Como exemplo de diversificação, o relatório cita alguns países, entre eles o Brasil, onde o índice é de apenas 0,088, além da Coréia do Sul (0,148) e da Turquia (0,112).
A economia do GCC permanece dominada pela exploração de recursos naturais. A dependência no petróleo ou gás natural nos países do bloco variou, em 2002, de 24,4% do Produto Interno Bruto (PIB) no Bahrein a 56,8% do PIB no Catar.
O comércio é considerado o principal motor para o crescimento econômico. Segundo o relatório, as exportações contribuem diretamente para o crescimento da renda nacional. Elas contribuem também de forma indireta, pelo impacto que têm nos setores produtivos, nos ganhos em escala de produção, no aumento da utilização da capacidade instalada e nos crescimento da produtividade.
Dependência
O estudo diz que durante muito tempo os economistas discutiram, e até certo ponto foi empiricamente provado, que a abundância de recursos naturais podem causar impactos negativos no crescimento.
De uma perspectiva puramente comercial, a abundância de recursos naturais leva a altos níveis de concentração da pauta de exportações em um ou poucos produtos, o que causa a volatilidade dos preços e da economia em geral.
De acordo com o estudo, a concentração de qualquer tipo de produto na pauta de exportações, seja o petróleo nas economias do GCC, o cobre no Chile, ou microchips na Costa Rica, pode tornar o país vulnerável a acentuados declínios em termos de comércio exterior.
Os Emirados os outros países do GCC adotaram nos últimos anos políticas de abertura para ampliar o impacto positivo do comércio no crescimento econômico. O comércio influencia positivamente o crescimento econômico por meio do aumento de know-how e da produtividade, o que ocorre principalmente nas atividades de transformação. No entanto, as economias no GCC são caracterizadas por uma baixa participação dessas atividades.
Em 2002, o setor de transformação teve sua maior participação nas economias do GCC. Nos Emirados, por exemplo, representou 14% PIB, no Bahrein 12,2%, no Kuwait 6,5% e no Catar 7,1%.
Comércio dentro do bloco
Além disso, o relatório diz que apesar do comércio entre os países do GCC ter aumentado significativamente entre 1980 e 2000, houve uma queda preocupante no período de 2001 a 2002. O valor das transações caiu de US$ 9,2 bilhões em 2000 para 8,9 bilhões em 2002.
O comércio entre os países do GCC representou apenas 9,1% do total de exportações destas nações em 2002, ao passo que tal participação (negócios dentro do bloco) foi muito maior entre outros blocos de comércio tais como o Nafta (91,9%) e a Associação de Nações do Sudeste Asiático (38,7%).
No caso do GCC, essa baixa porcentagem é uma indicação de baixos níveis de comércio entre as industrias regionais, o que limita os efeitos benéficos do comércio no crescimento e desenvolvimento econômico regional.