Marina Sarruf
São Paulo – A ministra da Emigração da Síria, Buthaina Shaaban, espera que as relações comerciais entre o Brasil e seu país dêem um salto. "Eu acho que nós deveríamos esquecer a distância, porque as relações culturais e históricas são tão grandes que eu espero que as relações econômicas e comerciais dêem um salto", disse Buthaina à ANBA. Ela esteve em São Paulo no início da semana com o objetivo de estreitar os laços com a comunidade de origem síria que vive na cidade.
A ministra destacou que o comércio entre os dois países "melhorou muito" após a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Damasco, em dezembro de 2003, e acredita que o fluxo de mercadorias pode aumentar ainda mais. "Não só as exportações brasileiras podem aumentar, mas também as importações de produtos da Síria. Nós temos muitas coisas boas que o Brasil pode importar. Além do relacionamento ter melhorado, há perspectivas de crescer ainda mais", afirmou.
Até agora o Brasil levou vantagem nessa relação. Entre janeiro e agosto deste ano, as exportações Brasileiras para o país árabe renderam US$ 118 milhões, contra US$ 19 milhões no mesmo período do ano passado, um aumento de 521%. Já o valor das importações de produtos sírios caiu de US$ 9,3 milhões para US$ 3,5 milhões no mesmo período.
Na avaliação da ministra, a Síria deve utilizar justamente as ligações "históricas" que tem com o Brasil para equilibrar a balança comercial. Estima-se que cerca de 3 milhões de descendentes de sírios vivam hoje no país. Os imigrantes começaram a chegar nas duas últimas décadas do século XIX.
"Nós temos muitos produtos que seriam interessantes para os árabes que vivem aqui e para os brasileiros também", disse Buthaina. Entre estas mercadorias, ela citou o sabonete fabricado na Síria a base de óleo de oliva. "É um produto muito orgânico", garantiu. Em sua primeira visita ao Brasil, a ministra visitou São Paulo, Brasília e Curitiba e depois seguiu para a Argentina.
Além de sua contribuição para a economia do país, notadamente para o comércio, os sírios ajudaram a fundar instituições que hoje são referência, como o Hospital do Coração, o Hospital Sírio-Libanês, o Lar Sírio Pró-Infância e os clubes Sírio e Homs.
Língua árabe
Em palestra na sede do Clube Homs, em São Paulo, Buthaina agradeceu a acolhida da comunidade síria. "Sinto orgulho dos nossos antepassados que vieram para cá e fundaram essas entidades gloriosas", disse.
Um dos principais pontos abordados pela ministra, durante seu discurso, foi a questão da língua árabe, que não é muito falada entre os descendentes. "Quero tentar divulgar a língua árabe, pois este seria o objetivo mais nobre para com a nossa pátria (Síria)", afirmou.
Ela também falou que pretende estabelecer um relacionamento mais forte com todos os descendentes de sírios que moram em outros países. "Espero, com a minha função de ministra da Emigração, criar mecanismos corretos para estabelecer uma boa relação entre a Síria e os descendentes que estão em outros países", declarou.
Sobre a realização da reunião de cúpula entre os chefes de estado árabes e da América do Sul, programada para ocorrer no Brasil em abril de 2005, ela disse que quer fazer um trabalho a altura dos descendentes de sírios que moram no Brasil.