Abu Dhabi – Pela primeira vez um time de estudantes brasileiros participa da competição internacional promovida pelo projeto "F1 in schools", no qual jovens devem desenvolver miniaturas de carros de Fórmula 1. É também a primeira vez que um time do País vai à etapa final do concurso. As últimas provas estão sendo realizadas no parque temático Ferrari World, da equipe Ferrari, que fica em Abu Dhabi, ao lado do circuito onde neste domingo (23) será realizada a última prova deste ano da Fórmula 1.
Os vencedores serão anunciados em um jantar na quarta-feira (19), em Abu Dhabi, do qual participarão chefes e integrantes de equipes. Os jovens terão a oportunidade de encontrar pilotos e acompanhar os treinos. A equipe vencedora será premiada com bolsas de estudo de graduação e pós-graduação em engenharia ou em área correlata na City University London.
O desempenho dos brasileiros da equipe Força Canindé, que são alunos do segundo ano do Ensino Médio do Colégio Bandeirantes, em São Paulo, surpreendeu os organizadores da competição. Neste projeto, os estudantes têm a missão de projetar miniaturas de Fórmula 1 e seguir o mesmo cronograma de trabalho de uma equipe da categoria.
Ou seja, precisam ter uma equipe comercial capaz de obter patrocinadores, projetistas que possam criar os melhores carros dentro dos regulamentos propostos pela categoria. As miniaturas foram desenhadas em computador, submetidas a testes e levadas à competição. Ter um carro muito rápido soma muitos pontos, mas não garante a vitória.
Na prova do domingo, os carros dos brasileiros ficaram na 21ª colocação nas provas de disparo em pista reta. Na segunda-feira (17), melhoraram o desempenho e subiram para a 15ª posição. Esta prova foi acompanhada pela ANBA. Além de velocidade, organização do estande, capacidade de comunicação, busca por patrocínio e projeto também valem pontos. Será vencedora a equipe que chegar na frente na soma de todas as avaliações e de um desafio “surpresa” promovido no último dia.
O fundador e presidente do "F1 in Schools", Andrew Denford, afirmou que o desempenho dos brasileiros está sendo "incrível". "É a primeira vez que eles participam, já chegaram à etapa final aqui em Abu Dhabi e estão brigando no meio do ranking geral. É incrível", afirmou. A equipe brasileira está apresentando o melhor desempenho de uma estreia nesta competição.
Cada estudante tem um cargo no time. O diretor de marketing, Thomas Giordano, de 15 anos, afirmou que a competição já lhe trouxe experiências “para a vida”. "Tudo o que vivemos, o que buscamos para poder participar e estar aqui nos ensinou muito. Não só para nosso desempenho e conhecimento das matérias escolares, mas também aprendizados para a vida", disse. Do time de oito alunos, só ele era fanático pelas corridas de Fórmula 1 antes de a competição começar.
A diretora de pesquisa e desenvolvimento, que é responsável por buscar patrocínios, Cristina Su Liu, de 16 anos, disse que o aprendizado para enfrentar os desafios da competição irá ajudá-la a resolver melhor os desafios que surgirem. "Terei mais capacidades e habilidades para solucionar questões e buscar respostas para os desafios. Até no vestibular", disse. Ela agora quer ver as equipes trabalharem no circuito de Yas Marina para acompanhar na vida real o projeto que fez com os colegas de escola.
O projeto "F1 in Schools" foi criado há 14 anos para incentivar estudantes a desenvolver projetos e soluções para a Fórmula 1 com o propósito de buscar na competição colocar os estudantes em desafios que enfrentarão no mercado de trabalho. O programa foi levado neste ano às escolas brasileiras pelo representante do projeto no Brasil, Manoel Belem, e seu sócio, Waldemar Battaglia. Algumas escolas compraram o projeto e concorreram, mas só os alunos da instituição paulistana foram à final, que neste ano é em Abu Dhabi. Todos os anos a final é sediada em um dos últimos três circuitos da temporada de Fórmula 1. Em 2013, a sede do evento foi Texas, nos Estados Unidos.
"Essa equipe sofreu muita pressão, teve menos tempo de se preparar, tivemos dificuldade de obter os vistos para entrar no país e chegar aqui. Mas estão bem, acima de tudo, porque têm vontade de fazer dar certo. Esta é uma oportunidade de ficarem expostos ao mundo da Fórmula 1", disse Belem.
Denford observou, também, que nem só a Fórmula 1 pode se beneficiar do talento destes estudantes. "Eles terão muito conhecimento para desenvolver projetos inovadores em diferentes áreas no futuro, como marketing, patrocínio. E desenvolvem habilidades, como por exemplo, a resiliência (capacidade de se adaptar e resistir a desafios)", afirmou.