São Paulo – A avaliação de instituições estrangeiras sobre o Brasil piorou em maio, em relação a fevereiro deste ano, em aspectos como taxa de inflação para os próximos 12 meses, condições de crédito, infraestrutura e violência. É o que mostra a quarta edição do relatório “Monitor da Percepção Internacional do Brasil” apresentado nesta quinta-feira (16) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), em São Paulo. O estudo mostra, por outro lado, que do ponto de vista das 170 instituições internacionais pesquisadas, aumentou a influência do País em órgãos internacionais.
O relatório foi criado em agosto de 2010 e é realizado a cada três meses. A edição, divulgada nesta quinta-feira contém dados coletados de 12 a 26 de maio. Das 170 instituições que responderam ao questionário eletrônico, 22% são embaixadas e consulados, 20% são câmaras de comércio, 48% são empresas estrangeiras e 10% são órgãos internacionais.
A percepção dos entrevistados é “moderadamente desfavorável” sobre a taxa de inflação do País para os próximos 12 meses. Em maio, as respostas a esta pergunta atingiram índice -24 (em fevereiro foi -10). As condições para obtenção de crédito, que obtiveram pontuação –7 em fevereiro, chegaram, agora, a –14, padrão classificado como “neutro”.
“As pioras são observadas na previsão da taxa de inflação e à restrição do crédito, o que também reflete na associação com a política monetária”, afirmou o presidente do Ipea, Marcio Pochmann. Os estrangeiros, contudo, acreditam que o Brasil não deixará de atrair investimentos. Em maio, a pontuação +35 mostrou uma tendência favorável ao país permanecer entre a 4ª e a 5ª colocação no ranking de atração de investimentos estrangeiros nos próximos 12 meses. Em fevereiro o índice foi de +38.
Na pesquisa, cada entrevistado atribui a cada uma das 15 perguntas uma pontuação de acordo com sua percepção do Brasil. Média de pontuação entre +60 e +100 pontos indica uma percepção geral muito favorável em relação ao Brasil. Se a pontuação fica entre +20 e +60, a percepção é considerada moderadamente favorável. Entre +20 e –20 pontos, ela é avaliada como neutra. De –20 a –60, é classificada como moderadamente desfavorável, e entre –60 e –100, muito desfavorável ao Brasil.
Do total de questões, seis referem-se ao aspecto "Economia", seis são relacionadas a "Política, Governo e Instituições" e três são relacionadas a "Sociedade".
A pontuação de "Economia" atingiu +4 em maio, queda em relação à pontuação anterior, de +8. A média das perguntas de "Política, Governo e Instituições" somou +11 em maio. Em fevereiro, a avaliação dos entrevistados atingiu o índice de +16. As questões relativas à "Sociedade" atingiram pontuação +12, praticamente estável ao resultado de fevereiro, que apontou índice de +13. A média de cada aspecto aponta uma percepção neutra dos estrangeiros em relação ao Brasil.
No aspecto "Sociedade" piorou a avaliação dos estrangeiros com relação ao nível de violência no país: era classificado como –5 (neutra) em fevereiro e chegou a –33 (moderadamente pessimista) em maio. Para o técnico de planejamento e pesquisa do Ipea, André Pinelli, algumas respostas no questionário podem ter sido influenciadas pela situação do País na época em que a pesquisa foi feita.
No que diz respeito à influência do Brasil em órgãos internacionais, a percepção dos entrevistados é de que ela aumentou. Em fevereiro, a pontuação atingida (+14) foi menor do que a registrada em maio (+24). Pochmann afirmou que isso pode ser decorrência da participação do governo Lula no exterior no segundo semestre de 2010. “Houve uma presença forte do País e forte exposição do Brasil nos fóruns internacionais, porém, um governo mais comedido em relação aos itens internacionais até agora”, observou ele, referindo-se aos primeiros meses do mandato da presidente Dilma Rousseff.
Também melhorou a percepção de que o Produto Interno Bruto (PIB) nos próximos 12 meses ficará entre 3,6% e 6%. Em fevereiro, este índice somou +40. Agora, chegou a +44.
Além das 15 perguntas que sempre fazem parte da pesquisa, o IPEA fez outros dois questionamentos. Em um deles, o instituto perguntou qual a probabilidade de a inflação ficar acima da meta de 4,5% em 2012. A avaliação das instituições aponta que há probabilidade de 57% de que isso ocorra. A outra pergunta era sobre a avaliação que os entrevistados faziam da política do Banco Central no combate à inflação. Para 76%, a estratégia de medidas, como a elevação da taxa de juros, está correta, porém, seu efeito é limitado por causa de pressões inflacionárias, como a alta internacional das commodities. Outros 13% acham que a política está errada porque a taxa de juros está abaixo do necessário. Outros 11% avaliam a estratégia do BC como correta no combate à inflação.