Isaura Daniel
São Paulo – A refinaria de açúcar de capital sírio e brasileiro que ficará em Homs, na Síria, está em plena obra. A construção começou no primeiro semestre e, de acordo com Maurílio Biagi Filho, diretor da Crystalsev, empresa brasileira que participa do projeto, a indústria deve entrar em operação no começo do próximo ano. A refinaria terá como sócios a Crystalsev, Cargill África, o empresário sírio Nagib Assaf e uma financeira internacional, cujo nome não é público. A Cargill terá 40% do negócio e a Crystalsev 10%.
A refinaria terá capacidade para processar um milhão de toneladas de açúcar por ano. De acordo com Biagi, a empresa vai comprar açúcar em bruto, refiná-lo e depois vendê-lo no mercado da Síria e de países próximos, como Jordânia e Líbano. "É um mercado comprador importante, que não tem um atendimento mais sofisticado", diz o diretor da Crystalsev, sobre a região. A refinaria deve ser a maior da Síria, de acordo com Biagi.
Apesar do projeto ser sírio-brasileiro, não há um compromisso de se comprar o açúcar em bruto do Brasil. "Vamos comprá-lo no mercado internacional, onde for mais conveniente", explica o diretor da Crystalsev. Como o país é um grande fornecedor mundial da commodity, no entanto, boa parte do insumo deverá ser fornecido pelo Brasil, acredita Biagi. A Síria também produz açúcar em bruto, mas ele é feito a partir de beterraba e a produção ainda é pequena.
Os países árabes, incluindo a Síria, são grandes importadores do açúcar em bruto brasileiro. Entre janeiro e junho deste ano eles compraram US$ 678 milhões em açúcar do Brasil. O valor representou um aumento de 33,1% sobre o mesmo período do ano passado, quando foram importados pelos árabes US$ 509 milhões de açúcar brasileiro. A Síria comprou US$ 9,5 milhões em açúcar brasileiro entre janeiro e junho deste ano.
Crystalsev
A Crystalsev, que fica em Ribeirão Preto e terá parte do capital da refinaria síria, atua com comercialização de álcool e açúcar no mercado brasileiro e internacional. A empresa é responsável pelas vendas das nove usinas que integram o grupo: Companhia Energética Santa Elisa, Companhia Açucareira Vale do Rosário, Usina Moema, Usina MB, Usina Mandu, Jardest, Destilaria Pioneiros, Paraíso Bioenergia e Usina Vertente. Juntas, elas produzem, por safra de cana, cerca de 1,7 milhão de toneladas de açúcar.
O Brasil deve colher neste ano uma safra recorde de cana, o que abrirá perspectivas também para o aumento das exportações de açúcar. De acordo com projeções da União da Agroindústria Canavieira de São Paulo (Unica), as exportações de açúcar vão alcançar 19,4 milhões de toneladas nesta safra, aumento de 17% sobre a última colheita. Existem no país projetos de 80 usinas de açúcar e destilarias de álcool, que devem entrar em operação até o ano de 2012.