Alexandre Rocha
São Paulo – O próximo ano deverá ser bom para o setor algodoeiro, com aumento da demanda e, conseqüentemente, dos preços da commodity. Esta é umas das conclusões dos especialistas, representantes de governos e do setor privado participantes da 65ª reunião plenária do Comitê Consultivo Internacional do Algodão (Icac, na sigla em inglês), que começou na segunda-feira e termina hoje (15) em Goiânia.
"Nas palestras que tivemos ficou claro que está ocorrendo uma ascensão do consumo internacional, que vai ficar acima da produção no próximo ano", disse à ANBA o presidente do comitê organizador da conferência, Paulo César Cunha. De acordo com ele, a previsão é de uma produção mundial de 25 milhões de toneladas de algodão em pluma, enquanto que o mercado deverá demandar mais de 26 milhões de toneladas.
Preços mais altos, em sua avaliação, vão beneficiar os países produtores, como o Brasil e o Egito. "Hoje o preço está próximo de uma média histórica considerada baixa, de 55 centavos de dólar por libra/peso. A tendência é de que haja uma recuperação das cotações", afirmou.
O principal motor por trás do crescimento do consumo, como ocorre em diversos outros setores, é a China. Segundo Cunha, o gigante asiático é, ao mesmo tempo, o maior produtor, maior consumidor e maior importadores de algodão. O país, de acordo com ele, tem uma produção anual de 6,5 milhões de toneladas, mas consome 8,5 milhões.
O Brasil, com uma produção de um milhão de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), está em 5° lugar no ranking dos maiores produtores e exportadores. "Este ano houve uma queda de 27% na produção nacional, em função da taxa de câmbio", disse.
Como o algodão é uma commodity cotada em dólar, com o real valorizado frente à moeda norte-americana, a cultura foi menos atrativa para os produtores brasileiros na safra que está se encerrando. Na próxima safra, porém, com a perspectiva de aumento dos preços internacionais, a produção brasileira, segundo Cunha, deverá crescer em 15%. Com isto, o país deverá participar com 7,4% da produção mundial.
Outro fator que está pressionando o preço, de acordo com ele, é redução da produção no Texas por conta de problemas climáticos. Os Estados Unidos são o segundo maior produtor e o maior exportador mundial de algodão.
O Icac é uma associação intergovernamental que tem como principal objetivo assessorar os governos de países produtores e consumidores de algodão na formulação de políticas para o setor. O tema da conferência desde ano é o "Impacto Ambiental e Social da Produção e do Consumo de Algodão". Segundo Cunha, participam da conferência delegações de 55 países, além do Brasil. Entre elas estão representantes também de países árabes, como Egito, Sudão e Emirados Árabes Unidos.