Isaura Daniel
São Paulo – Os sudaneses querem organizar uma missão comercial para o Brasil. O gerente de Marketing e Promoção da Sudanese Free Zone and Market Company, Osman El-Mahdi Osman, afirmou a representantes da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que estiveram no Sudão para a 24ª Feira Internacional de Cartum, que vai discutir essa possibilidade junto às autoridades sudanesas. A empresa, organizadora da mostra, é vinculada ao governo do país árabe. Segundo Osman, a idéia é conhecer melhor o potencial da indústria nacional e também oferecer produtos sudaneses ao mercado brasileiro.
De acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, é favorável aos dois países uma aproximação comercial. Os sudaneses podem vender para o Brasil, segundo ele, produtos como henna, algodão, artesanato e petróleo. Segundo o coordenador de operações da Câmara Árabe, Rodrigo Solano, que esteve no Sudão para a feira, ao lado do analista de Mercados, Jean Gonçalves da Silva, também a Kenana Sugar Company, maior produtora de açúcar sudanesa, manifestou a intenção de organizar uma viagem ao Brasil para buscar parceiros no seu projeto de fabricar etanol.
A informação foi dada aos profissionais da Câmara Árabe por Hassan Hashin Erwa, da divisão de Marketing da Kenana, que esteve no estande da entidade na mostra ontem (01). A Câmara Árabe participou da mostra com um espaço de 32 metros quadrados. De acordo com Erwa, há grandes oportunidades para empresas brasileiras no Sudão, tanto em etanol, quanto em outros como o da construção civil. Ele acredita que o Brasil pode atuar na reurbanização de cidades sudanesas. Segundo ele, assim como ocorreu no Brasil, também no Sudão algumas cidades cresceram desordenadamente e necessitam de reurbanização.
A Feira Internacional de Cartum teve na noite de ontem o seu encerramento oficial, apesar de ser aberta ao público ainda hoje. O estande da Câmara Árabe recebeu, nos dias de mostra, um total de 110 empresários de países como o próprio Sudão, Egito, Turquia, Índia, China e outros do Golfo Arábico. De acordo com Solano, a maior procura foi por materiais de construção e máquinas agrícolas. Os representantes da Câmara Árabe deram, no estande, informações sobre os produtos brasileiros e também distribuíram catálogos de companhias nacionais interessadas em exportar para o mercado sudanês.
Os contatos de importadores que passaram no estande da entidade, em Cartum, ficarão disponíveis para as empresas nacionais na Câmara Árabe. Também dados sobre empresas sudanesas repassados à entidade pela União das Câmaras de Comércio Sudanesas, visitada pelos profissionais da Câmara Árabe durante a mostra de Cartum, vão estar disponíveis na sede da entidade, em São Paulo, para os empresários brasileiros.
No Sudão
Ontem, no Sudão, o coordenador de operações da Câmara Árabe também participou como convidado de um workshop sobre o clima de investimentos no país árabe, promovido pelo Ministério de Investimentos local em colaboração com a Sudanese Free Zone and Market Company. O ministro dos Investimentos do Sudão, Malik Aqar, fez a abertura do seminário e convidou os empresários estrangeiros presentes a investir no Sudão.
Segundo o representante do Sudão na Organização Mundial do Comércio, Badr Addin Suileman, que também trabalha para o Ministério do Comércio do país e foi um dos palestrantes do workshop, a economia sudanesa deve crescer 13% em 2007. De acordo com ele, o poder público e a iniciativa privada local estão trabalhando para transformar Cartum na Dubai da África.