Randa Achmawi
Cairo – O turismo para fins terapêuticos está crescendo no Egito. O número de pessoas que viajam ao país com esta finalidade já representa quase 10% do total. De acordo com informações do Ministério do Turismo egípcio, o país recebeu ao todo 8,6 milhões de visitantes em 2005 e 6,3 milhões entre janeiro e agosto deste ano.
"O Egito é hoje um dos destinos mais conhecidos também por suas virtudes naturais, sendo capaz de oferecer tratamentos para inúmeros males. Este setor é levado adiante por profissionais e sob a supervisão de grandes especialistas", disse Magdi Selim, diretor do centro de informações do órgão egípcio responsável pela promoção do turismo.
Hoje este tipo de atividade está se transformando em moda entre as classes egípcias mais favorecidas, mas há muito tempo já desperta um grande interesse de estrangeiros. Há mais de 14 anos pessoas que buscam tratamento e cura vêm ao Egito de países como Bélgica, Holanda, Suécia, Dinamarca, Noruega, Inglaterra, Itália e de vários paises do Leste Europeu.
"Tudo isso começou por acaso durante os anos 70. Fala-se da vinda de um turista sueco com problemas sérios de psoríase (doença da pele caracterizada por placas vermelhas cobertas de escamas secas). Como tantos outros europeus, ele vinha ao Egito em turismo recreativo, em busca do sol e do clima ameno do inverno. Mas ao tomar vários banhos de mar no Mar Vermelho, notou que o seu mal de pele estava sendo curado", afirmou Amal Leheta, proprietária do prestigioso Mena Ville, em Safaga, um estabelecimento especializado em diversas atividades terapêuticas . "Desta maneira a reputação de Safaga foi crescendo aos poucos na Suécia e espalhando-se em seguida por toda a Europa", acrescentou.
"Hoje em dia, os turistas estrangeiros vêm ao Egito também em busca de tratamento de males que vão desde a artrite reumática, bronquite asmática, sinusite e até mesmo tuberculose" disse Magdi Selim. "Pode-se ter acesso aos serviços oferecidos através do Centro Internacional de Turismo Terapêutico, o chamado Tour Cure", acrescentou.
Mas os tratamentos de doenças mais sérias não são os únicos procurados pelos estrangeiros. Existem também clínicas de emagrecimento e estética em várias regiões do país. "Este país possui mais de 28 locais privilegiados por suas características terapêuticas, sendo reconhecido por seus recursos naturais e clima seco bastante saudável. Além disso, existem no Egito 1.356 fontes termais e inúmeros locais onde há a famosa lama negra", afirmou Amal Leheta.
O mais antigo destino na área terapêutica é o Centro Helwan para o tratamento de reumatismo, construído em 1899 e reformado em 1955. "Ele dispõe hoje de 38 quartos inteiramente equipados", disse Selim. O subúrbio de Helwan fica a apenas 30 quilômetros ao norte do Cairo, às margens do Nilo.
Oásis
Outras opções são os Oásis de Siwa, Bahreia, Al Dakla e Al Kharga, ou a região do deserto branco de Farafra. Estes locais paradisíacos são também bastante procurados por turistas do mundo inteiro em busca de fontes termais conhecidas por suas qualidades curativas. "Minha mãe sofreu durante vários anos de problemas de artrite e reumatismo, mas quando a levamos para ser tratada em Siwa seus problemas simplesmente desapareceram", contou Lisa Lindt, uma turista sueca que freqüenta regularmente o Egito há mais de 8 anos.
Só no Oásis de Bahreia, por exemplo, se encontram mais de 400 fontes de água quente e fria, capazes utilizadas no tratamento de reumatismo e várias doenças de pele. "A eficácia já foi comprovada em diversos estudos realizados em universidades egípcias e européias", afirmou Selim. "Neste oásis, a maiorias dos turistas vai principalmente à conhecida fonte Halfa, onde a temperatura da água varia entre 30 e 40 graus Celsius", acrescentou.
A região de Bahreia é também conhecida por suas plantas e ervas medicinais usadas no tratamento de dores, especialmente as de estomago. Suas ervas também podem ser utilizadas para tratamento de reumatismo. Além disso, o açúcar de palma encontrado neste oásis é freqüentemente usado por pacientes com diabetes.
Finalmente, além das fontes termais e plantas medicinais, a lama negra de Safaga também é bastante procurada. "Vários estudos demonstram que ela contém três tipos de minerais radioativos: urânio, tório e potássio. Eles contribuem para a cura de vários males da pele, das juntas e têm um efeito positivo no tratamento da hipertensão e deficiência vesicular", concluiu Selim.