São Paulo – Um levantamento sobre fusões e aquisições no Oriente Médio e Norte da África, divulgado esta semana pela consultoria Ernst & Young, mostra que o Brasil foi o segundo país de fora do mundo árabe que mais recebeu investimentos do gênero da região, em termos de valores. As transações dos investidores árabes no mercado brasileiro somaram US$ 4,5 bilhões em 2010, atrás apenas do Reino Unido, onde ocorreram negócios de US$ 5,2 bilhões.
A principal aquisição feita por investidores árabes no Brasil foi a compra da de 5% da subsidiária brasileira do Banco Santander pela Qatar Holding, braço executivo do fundo soberano do Catar, por US$ 2,7 bilhões. Essa foi a terceira maior operação do ano anunciada no Oriente Médio, de acordo com o estudo.
A pesquisa considerou também para o cálculo dos investimentos no Brasil o aporte de US$ 1,8 bilhão feito por um consórcio estrangeiro no banco BTG Pactual*. O negócio foi anunciado no final do ano passado. Faz parte desse fundo o Conselho de Investimentos de Abu Dhabi, dos Emirados Árabes Unidos, além de outras instituições internacionais.
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Salim Taufic Schahin, tem repetido em entrevistas e pronunciamentos públicos que o Brasil está no “radar” do mundo árabe no que diz respeito aos investimentos diretos.
Na terça-feira (22) à noite, por exemplo, em mesa redonda realizada na sede da Biblioteca e Centro de Pesquisa América do Sul Países Árabes (Bibliaspa), em São Paulo, Schahin citou conversa que teve em dezembro com o principal executivo do fundo soberano de Abu Dhabi, que manifestou interesse de investir “quantias expressivas” no Brasil. Esse fundo já tem negócios no País, inclusive ações do Santander Brasil adquiridas em 2009, além de participação em empreendimentos imobiliários.
A Qatar Holding tem também outros investimentos no Brasil, e no ano passado a Hassad Food, braço da empresa do ramo de alimentos, anunciou que estava negociando aquisições no ramo agropecuário no País.
Mais um negócio anunciado em 2010, porém realizado em dezembro de 2009, foi a compra da empresa brasileira de logística Itatrans pela Agility, companhia do mesmo ramo com sede no Kuwait.
Reino Unido e Brasil receberam os maiores montantes, mas no que diz respeito ao número de negócios, os Estados Unidos ficaram em primeiro lugar, com 14 transações, seguidos do Reino Unido, Índia e Turquia, com 12 operações cada.
Total
O total movimentado em fusões e aquisições por empresas do Oriente Médio e Norte da África foi de US$ 55,9 bilhões em 2010, um aumento de 65% em comparação com 2009, de acordo com a pesquisa da Ernst & Young. Já o número de operações saltou 14%, de 353 para 402.
As principais operações anunciadas em 2010 foram a compra de parte da Zain, do Kuwait, pela Etisalat, dos Emirados, ambas do ramo de telecomunicações, avaliada em US$ 12 bilhões; a aquisição de parte do capital da saudita Sabic pela Organização Geral de Seguro Social, também da Arábia Saudita, por US$ 3,6 bilhões; e a compra da participação no Santander Brasil pela Qatar Holding.
A Ernst Young informa, porém, que o levantamento foi realizado com base em acordos anunciados em 2010, mas não obrigatoriamente fechados. A compra de parte da Zain pela Etisalat, por exemplo, não se confirmou.
Os negócios entre empresas da região foram responsáveis por 54% das fusões e aquisições, segundo a consultoria. Já as aquisições de companhias de fora do bloco representaram 29%, enquanto que as compras de empresas da região por grupos internacionais responderam por 17%.
As empresas norte-americanas foram as que mais compraram ativos no mundo árabe em 2010 e o Egito foi o país da região que mais atraiu capital de fora.
Os Emirados foram o país da região que mais investiu em empresas internacionais, com 42 operações, representando 36% do valor total. Em seguida vem o Catar, com 14 operações e 12% do montante; Arábia Saudita (13 negócios e 11% do capital).
*Com tradução de Mark Ament e atualização feita nesta quinta-feira (24) às 13h15